PS sem indicação de voto nas presidenciais, mas dirigentes assumiram apoios

Duarte Cordeiro, Pedro Nuno Santos e Daniel Adrião assumiram apoio a Ana Gomes. O apoio a Marcelo foi manifestado por Santos Silva, Vieira da Silva, Edite Estrela e Medina.

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António Costa manteve a posição do PS em relação às presidenciais de há cinco anos Nuno Ferreira Santos

Duarte Cordeiro, secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, declarou o seu apoio a Ana Gomes, logo de manhã, na reunião da comissão política do PS, que aprovou a posição para as presidenciais, que seria sufragada pela comissão nacional de tarde. O PS não vai apoiar nenhuma candidatura, nem dar indicação de voto, tal como há cinco anos. Os militantes podem assim assumir livremente as suas preferências por um candidato, como o PÚBLICO noticiou no sábado.

Na mesma reunião da manhã, realizada por videoconferência, Daniel Adrião, líder da tendência minoritária, anunciou ir apoiar Ana Gomes. Já os apoios à recandidatura do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, foram manifestados, por exemplo, por Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros, José António Vieira da Silva, ex-ministro do Trabalho e da Segurança Social, e Edite Estrela, vice-presidente da Assembleia da República.

Na reunião da comissão nacional, da parte da tarde, Pedro Nuno Santos, ministro das Infra-estruturas e da Habitação, afirmou o seu apoio a Ana Gomes. Daniel Adrião repetiu a posição assumida logo na reunião da manhã. Também Maria Begonha, líder da JS, assumiu apoiar Ana Gomes, explicando que ficará neutra em termos públicos, pelo cargo partidário que ocupa. Na comissão nacional, o presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, e o deputado Paulo Pisco anunciaram ir apoiar Marcelo Rebelo de Sousa. Em ambas as reuniões da direcção do PS diversos membros afirmaram estar ainda em reflexão.

Costa elogia Marcelo e destaca “distinta militante Ana Gomes"

No final da reunião da comissão nacional, António Costa rejeitou “divisões” no partido relativamente às eleições presidenciais e saudou as candidaturas já apresentadas, destacando a de Ana Gomes, que classificou de “distinta militante socialista”. “Estas candidaturas contribuem para reforçar a solidez da nossa democracia, e impor uma derrota à candidatura da extrema-direita”, disse aos jornalistas, confirmando que “o PS não fixou nenhuma orientação de voto”. A posição foi aprovada por uma “esmagadora maioria”, apenas com “duas abstenções e cinco votos contra”.

O secretário-geral socialista elogiou o actual Presidente da República. “O PS faz uma avaliação positiva do actual mandato de Marcelo Rebelo de Sousa”, disse, salientando a “proximidade aos portugueses” e a “solidariedade institucional com os demais órgãos de soberania”.

“A correcta cooperação institucional entre Presidente da República e Governo deram no passado um contributo muito importante para superar a crise económica, a convergência com a União Europeia e afirmar a credibilidade do nosso país”, afirmou. A deliberação tomada na comissão nacional refere que é da lógica do nosso sistema de Governo que Presidente da República, Assembleia da República e Governo não tenham de estar alinhados senão na interpretação e defesa da Constituição e do interesse nacional”. 

Questionado sobre se o PS protelou demasiado a sua tomada de posição sobre as presidenciais, António Costa considerou que a reunião deste sábado da comissão nacional aconteceu “no momento próprio”, aproveitando para lembrar que o partido sempre entendeu que não cabe às forças políticas apresentarem candidatos mas sim pronunciar-se sobre as candidaturas que emergem na sociedade.

“Teria então sido estranho se o partido não tivesse dado tempo para quem surgisse como candidato, de forma a que pudéssemos avaliar o quadro de candidaturas em presença”, argumentou, acrescentando que “já não é previsível que na área da esquerda democrática possam emergir mais candidaturas que justifiquem uma reapreciação pelo PS”.

O líder socialista afirmou que o partido não desvaloriza as presidenciais e apelou a que os militantes e simpatizantes possam participar “nem que seja através do voto”. Já o próprio António Costa comprometeu-se com o “devido recato” nas eleições do próximo Janeiro por ser primeiro-ministro e por ter de vir a ter “cooperação institucional com quem os portugueses venham a escolher”. 

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