Ambientalistas, Moita e Seixal satisfeitos com hipótese de avaliação ambiental estratégica no Montijo

Autarcas da CDU voltam a apontar para a solução do Campo de Tiro de Alcochete. Associação Zero “congratula-se com a disponibilidade” demonstrada pelo ministro Pedro Nuno Santos e vai pedir uma audiência.

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Um flamingo, vários colhereiros e alguns maçaricos-de-bico-direito repousam nas Salinas do Samouco NUNO FERREIRA SANTOS

Os autarcas da Moita e Seixal mostraram-se esta quinta-feira satisfeitos com a abertura do ministro das infra-estruturas, Pedro Nuno Santos, à realização de uma Avaliação Ambiental Estratégica (AAE) sobre o novo aeroporto do Montijo, no distrito de Setúbal. Também a associação ambientalista Zero considerou a posição do ministro “um bom sinal”, e anunciou que vai pedir uma audiência a Pedro Nuno Santos.

“Saúdo esta admissão do Governo da importância de uma AAE e também o reconhecimento de que há tempo, que é possível reconsiderar a opção que tem vindo a ser defendida pelo Governo”, a construção da infra-estrutura na Base Aérea n.º 6, no Montijo, disse à Lusa o presidente da Câmara da Moita, Rui Garcia, eleito pela CDU.

No entanto, o autarca lembrou que este tipo de estudo, que compara várias localizações, “já foi feito de forma aprofundada e exaustiva há cerca de dez anos”, tendo levado à conclusão de que “a alternativa mais adequada do ponto de vista ambiental e das oportunidades que proporciona em termos do desenvolvimento é o Campo de Tiro de Alcochete”, também no distrito de Setúbal.

De forma semelhante, o autarca do Seixal, Joaquim Santos (também da CDU), afirmou à Lusa que viu com “satisfação” o anúncio do ministro. “Parece-nos que, com esta decisão, o Governo demonstra que quer abandonar o projecto e, quanto a nós, bem, porque, de facto, o interesse das populações, da região e a nível nacional faz com que a melhor opção seja efectivamente uma primeira fase no Campo de Tiro de Alcochete”, apontou.

Os dois autarcas têm-se oposto à concretização da nova infra-estrutura aeroportuária no Montijo, sendo a sua aprovação necessária para fazer o projecto avançar, de acordo com a legislação em vigor.

Esta quarta-feira, numa audição parlamentar, o ministro das Infra-estruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, admitiu que não fecha a porta à realização de uma avaliação ambiental estratégica do projecto de construção do aeroporto do Montijo.

Em resposta a uma pergunta da deputada do PAN, Inês de Sousa Real, o ministro afirmou que a pandemia veio aliviar a pressão sobre o aeroporto Humberto Delgado, na Portela, dando “algum tempo para ponderarmos a possibilidade da avaliação ambiental estratégica”, adiantou o ministro. Falta saber se esta será mesmo concretizada, já que, até agora, a localização do Montijo estava dada como segura pelo Governo, apesar de se admitir outro calendário para a sua concretização - a própria ANA já remete para 2024 ou 2025 -, e com melhorias.

No início de Junho, numa visita ao aeroporto da Portela, o primeiro-ministro afirmou que “num momento de grande incerteza”, o “compromisso firme da Vinci de afirmar que se vai mesmo avançar com a construção do novo aeroporto no Montijo” era visto como “um gesto de confiança no futuro do país”. “O futuro será seguramente diferente daquilo que foi o passado, mas o futuro vai contar com o novo aeroporto do Montijo”, frisou António Costa.

A associação ambientalista Zero também já afirmou que “congratula-se com a disponibilidade” agora demonstrada por Pedro Nuno Santos no Parlamento. “É um bom sinal que contrasta com o que tem sido uma cega e permanente insistência do Governo na opção Montijo”, destacou em comunicado, recordando que a realização é vista como uma necessidade “por parte de várias forças partidárias, câmaras municipais e especialistas” e já levou mesmo a uma queixa desta associação junto de Bruxelas e dos tribunais portugueses.

Segundo a associação ambientalista, a AAE pode demorar menos de um ano a elaborar. A Zero diz que vai pedir uma audiência ao ministro para falar deste assunto, bem como para discutir a taxação da aviação e da navegação, no contexto de uma necessária descarbonização destes sectores.

Em Setembro, de acordo com os dados do regulador da aviação civil (a ANAC), o aeroporto de Lisboa registou 7696 movimentos de aviões (menos 60,8% em termos homólogos) e 809.616 passageiros (menos 75,3%), com a queda do número de passageiros a ser superior à dos movimentos, demonstrando a escassez de procura mesmo com redução da oferta. Com Lusa

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