Covid-19. Resultados dos ensaios da vacina de Oxford podem ser conhecidos ainda este ano, diz coordenador

Coordenador dos ensaios disse que a equipa descobrirá se a vacina funciona ou não ainda este ano, mas explicou que depois esses dados terão que ser cuidadosamente revistos pelos reguladores. E só depois disso poderão ser dados os passos seguintes.

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Vacina da Universidade de Oxford e da farmacêutica AstraZeneca está já numa fase avançada Reuters/Andreas Gebert

Os resultados finais dos ensaios clínicos da potencial vacina experimental para o novo coronavírus que está a ser desenvolvida pela Universidade de Oxford e pela farmacêutica AstraZeneca, e que estão já numa fase avançada, podem ser conhecidos ainda este ano — os responsáveis não garantem, no entanto, que seja antes do Natal.

“Estou optimista de que podemos chegar a esse ponto [divulgação de resultados finais] antes do final deste ano”, disse o principal investigador do estudo, Andrew Pollard.

Pollard disse que a equipa descobrirá se a vacina funciona ou não ainda este ano, mas explicou que depois esses dados terão que ser cuidadosamente revistos pelos reguladores. E só depois disso é que uma decisão sobre quem receberá primeiro a vacina poderá ser tomada.

“Estamos perto de completar a nossa parte [do trabalho], mas ainda não completamos”, disse Pollard, director do grupo de investigação em vacinas Oxford Vaccine.

Questionado sobre se a vacina poderá começar a ser administrada antes do Natal, o responsável disse não saber ao certo, mas admitiu existir uma “pequena possibilidade”. “O nosso teste é apenas um dos muitos que estão a decorrer em todo o mundo, alguns dos quais podem ser divulgados antes do final do ano. Isso quer dizer que estas etapas [de aprovação e de tomada de decisões] vão precisar de acontecer para vários produtos em simultâneo”, disse ele.

Espera-se que a vacina da Universidade de Oxford e da AstraZeneca seja uma das primeiras a ser submetidas à aprovação regulatória, juntamente com a candidata da Pfizer e da BioNTech.

Os ensaios clínicos desta vacina começaram no dia 23 de Abril e, menos de um mês depois, a vacina demonstrou-se eficaz num pequeno grupo de macacos. A 20 de Julho, a revista científica The Lancet publicou os resultados preliminares das fases 1 e 2 de ensaios clínicos que apontam para uma vacina “segura”, com poucos efeitos secundários e capaz de induzir resposta imunitária.

Esta vacina é feita com vectores virais, ou seja, serve-se de um vírus modificado, neste caso, de um adenovírus de chimpanzés, que deposita nas células humanas parte do seu material genético que as leva a produzir uma proteína que imita a do SARS-CoV-2, para que seja gerada uma resposta imunitária.

A testagem em humanos chegou a ser suspensa devido a uma reacção adversa grave num dos participantes no Reino Unido, que se encontra a recuperar. Esta foi uma situação considerada normal em ensaios clínicos de testagem massiva e, entretanto, os ensaios já retomaram.

Uma vacina que é eficaz pode significar uma mudança na batalha contra o novo coronavírus, que matou mais de 1,2 milhões de pessoas, fechou partes da economia global e virou ao contrário a vida normal de milhões de pessoas. Se funcionar, a vacina permitirá ao mundo regressar a um certo nível de normalidade depois do tumulto da pandemia.

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