Covid-19: “Grande maioria” das câmaras do Norte vai autorizar feiras

Feiras de Lousada, Paços de Ferreira e Felgueiras, Guimarães, Gondomar, Caminha e Espinho deverão ter autorização para acontecer.

Foto
A grande maioria das câmaras vai permitir a realização de feiras nelson garrido

O presidente da Associação Feiras e Mercados da Região Norte (AFMRN) disse à Lusa que “a grande maioria” das câmaras vai permitir a realização de feiras, agora que o Governo recuou na sua decisão de proibição.

Embora desconheça o número exacto de autarquias que vão autorizar a realização de feiras, Fernando Sá citou como exemplo as autarquias do Vale do Sousa, nomeadamente Lousada, Paços de Ferreira e Felgueiras (onde foram antecipadas medidas mais restritivas para conter a epidemia de covid-19, devido ao elevado número de casos), mas também Guimarães, Gondomar, Caminha e Espinho. “Esperamos que esta decisão se mantenha, caso seja decretado o estado de emergência”, sublinhou.

Congratulando-se com o recuo do Governo nesta matéria, ao remeter para as autarquias a decisão de autorizar ou não a realização de feiras, o dirigente da AFMRN lamentou, contudo, que a palavra “proibição” se mantenha na medida anunciada no sábado, no final do concelho de ministros.

“Gostaríamos é que não estivesse a palavra proibição nesta medida, porque isso dá sempre margem de manobra para algumas autarquias que não estão interessadas na realização das feiras locais, o que nos não compreendemos”, disse, apontando os casos das câmaras do Porto e de Vila Nova de Foz Coa.

Segundo o responsável, “nestes dois municípios, desde que foram encerradas em Março, as feiras nunca mais reabriram”, mesmo depois de o Governo em Maio o ter permitido, desde que fossem implementados os planos de contingência.

“Não entendemos que razões possam existir para que as feiras não se realizem”, afirmou, referindo ter assistido “nos últimos dias”, a discursos “curiosos” como o do presidente da Câmara de Vizela que justificou a suspensão das feiras locais “com o argumento de que os feirantes andam de terra em terra” o que, no entender do autarca, poderia potenciar a transmissão do vírus.

Para Fernando Sá, esta é “uma opinião muito descabida, sem senso nenhum”. “Basta fazermos a comparação com os transportes públicos” que fazem a ligação entre cidades, observou.

O responsável entende que “se a decisão do Governo não fosse revertida, esta actividade poderia falir e, assim, perder-se um sector histórico, cultural e tradicional”. “Iríamos tentar, de todas as formas, que isso não acontecesse”, afirmou, admitindo, até, a criação de um partido político “para salvaguardar esta e outras classes do mesmo ramo tradicional”.

Fernando Sá reafirmou ainda que “os feirantes, tal como os supermercados e os hipermercados, vendem produtos essenciais, pelo que devem ser contemplados com medidas iguais”.

A Associação de Feiras e Mercados da Região Norte representa cerca de 8 mil feirantes. A associação alerta que “se os feirantes não trabalham, não têm como gerar rendimentos para as suas mais elementares necessidades, como comer ou pagar as contas da água e da luz”, e que “se os feirantes não podem trabalhar, todos os fornecedores desses feirantes, a montante, deixarão de ter a quem vender e todos ficarão sem rendimento”.

Sugerir correcção