Covid-19. Portugal com o dia mais mortal da pandemia. Morreram 46 pessoas

Foram registados mais 2506 casos de infecção, uma diminuição em relação aos últimos dois dias. Número de internamentos e de doentes em cuidados intensivos atingiram novos valores máximos. Cerca de 47% dos novos casos foram contabilizados na região Norte.

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Hospital de Santa Maria, Lisboa Tiago Petinga/Lusa

Portugal teve o dia mais mortal da pandemia ao registar o número mais elevado de mortes devido à covid-19 desde Março. De acordo com os dados da Direcção-Geral da Saúde (DGS), que foram divulgados esta segunda-feira, mas que dizem respeito ao dia completo de domingo, foram 46 vítimas mortais em 24 horas. O número máximo anterior tinha sido reportado a 30 de Outubro, altura em que foram contabilizadas 40 mortes.

Nos últimos quatro dias, Portugal ultrapassou o número máximo de mortes registadas na primeira vaga da pandemia, em Abril. Até aqui, o número máximo de mortes diárias por causa da covid-19 tinha sido registado a 3 de Abril, quando morreram 37 pessoas.

No total, desde Março, a covid-19 já fez 2590 vítimas mortais e infectou 146.847 mil pessoas, 2506 destas desde sábado. Este valor representa uma diminuição em relação aos últimos dois dias, mas, por regra, há menos casos confirmados notificados ao fim-de-semana​.

Sabe-se também que há mais 133 casos de internamento em relação a sábado, num total de 2255 pessoas internadas. Destas, 294 estão em unidades de cuidados intensivos (UCI) — mais dez. Tal como tem acontecido nos últimos dias, o número de doentes internados (e o de pessoas em cuidados intensivos) continua a aumentar e atingiu agora um novo máximo. No pico de Abril, Portugal chegou a ter 271 pessoas nas UCI.

Esta segunda-feira, em conferência de imprensa, a directora-geral da Saúde alertou para a sobrecarga dos profissionais do Serviço Nacional de Saúde (SNS), apelando aos cidadãos para não “baixarem a guarda” e terem cuidado com os comportamentos diários. “Estes números dão não só a dimensão da pandemia, mas também a sobrecarga no Sistema Nacional de Saúde, seja a testar, diagnosticar e acompanhar doentes, seja a identificar contactos próximos destes doentes e isolá-los para quebrar cadeias de contágio”, avisou Graça Freitas, afirmando que é uma responsabilidade colectiva “achatar a curva” da pandemia.

Há mais 1523 casos recuperados em relação a sábado — no total, Portugal contabiliza 83.294 casos de recuperação da doença. Pelo menos 66.428 pessoas estão ainda a ser acompanhadas pelas autoridades de saúde, mais 1623 desde o dia anterior.

O boletim desta segunda-feira dá conta de uma subida no número de casos activos, indicador que tem estado em crescimento desde meados de Agosto e que teve a primeira descida no dia 20 de Outubro, com menos 71 casos activos. No entanto, logo no dia seguinte, este indicador voltou a subir e atingiu esta segunda-feira o valor mais elevado de sempre — há, assim, mais 937 casos activos, num total de 60.963.

Norte com 47% dos casos

Grande parte dos novos casos do último dia foi registada em três regiões do país. Cerca de 47% foram registados na região norte (mais 1202 infecções), 33% em Lisboa e Vale do Tejo (845 novos casos) e 13% na região centro.

Esta segunda-feira, ao contrário do que é habitual acontecer, a DGS não actualizou a distribuição de casos por cada concelho, informações que a autoridade de saúde diz que serão reveladas durante esta semana, na sequência da “reformulação dos indicadores relativos aos novos casos”. A DGS explica, num nota, que pretende que a incidência cumulativa de casos (número de infecções por cada 100 mil habitantes nos últimos 14 dias) seja “a principal métrica utilizada na avaliação de risco de cada concelho para que os cidadãos possam acompanhar a evolução da pandemia” nos seus municípios.

Olhando para a distribuição dos casos por região, o Norte voltou a ser a região com o maior número de casos acumulados: 66.145 e 1151 mortes — é a região com o maior número de vítimas mortais, 20 das quais ocorridas nas últimas 24 horas. Lisboa e Vale do Tejo é a segunda região com mais infecções: são 61.064 os registos de infecção e 1021 mortes por covid-19 (mais 17).

Já o Centro tem 13.050 infecções (mais 333) e 323 mortes (mais seis). O Alentejo totaliza 2854 casos (46 novos) e 50 mortes (mais uma). No Algarve há 2904 casos de infecção (mais 66) e 29 óbitos (mais um). A Madeira registou 459 casos de infecção (13 novos) e uma morte desde o início da pandemia. Já os Açores registam 371 casos (mais um) e 15 mortes desde o início da pandemia.

Os dados do relatório da DGS indicam que, do total de mortes registadas, 1270 são mulheres e 1320 homens — e no que toca às infecções, 66.617 são homens e 80.230 mulheres.​ As 46 mortes registadas são referentes a 37 pessoas acima dos 80 anos, sete entre os 70 e os 79 anos, uma entre os 60 e os 69 anos e outra entre os 50 e os 59 anos.

"Não podemos facilitar”, alerta Graça Freitas

“A fadiga pandémica é natural e esperada. Não podemos facilitar e dar passos que nos desprotejam. Nós, seres humanos, somos o único veículo, o único vector, para propagar a doença”, reitera a directora-geral da Saúde. “O melhor é nem sequer adoecer e propagar a doença. A grande medida é, de facto, reduzir o número de contactos entre as pessoas. Com quantas menos pessoas contactar menos hipótese tenho de transmitir a doença”, disse ainda Graça Freitas.

Questionada sobre a data esperada para o pico da pandemia, dados os máximos registados nas últimas semanas, a directora-geral da Saúde diz que não é possível fazer essa previsão, dada a imprevisibilidade do vírus. “Um dos problemas desta doença é não sabermos isso [quando será o pico]. Não sabemos o tamanho da montanha e, mesmo em relação à gripe, costumo dizer que só sabemos quando chegámos ao pico quando começamos a descer. Podemos ter a certeza que estamos a correr uma maratona sem fim, teremos outras ondas”, explicou Graça Freitas.

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