Com máscara, distanciamento físico e desinfectante à porta. Assim decorrem as primeiras eleições em plena pandemia

As eleições regionais dos Açores decorrem hoje. As urnas abriram às 8h para encerrarem às 19h – horas locais. A primeira eleição em pandemia é um teste às medidas anticovid-19 que vai determinar os próximos actos eleitorais no país.

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LUSA/ANDRÉ KOSTERS

Ao início da tarde deste domingo, na Avenida Roberto Ivens, no centro de Ponta Delgada, cerca de dez pessoas formam uma fila para entrar no salão paroquial de São José. Estão todas de máscara e distanciadas entre si. Lá dentro, nova fila, outras dez pessoas a aguardar pela vez. É ali que estão as mesas de voto para os eleitores daquela freguesia urbana, com cerca de seis mil habitantes, da maior cidade dos Açores.

Habitualmente, sempre que há eleições, os eleitores de São José votam na sede da junta. Este ano, devido à pandemia da covid-19, as urnas foram transportas para o salão paroquial, um espaço mais amplo, para assegurar o distanciamento físico e garantir uma entrada e uma saída em acessos diferentes.

A fila, apesar de longa, anda rápido. “Cheguei há cinco minutos e já andei vários metros, está a andar bem”, diz ao PÚBLICO Maria dos Anjos Amaral, de 75 anos, que traz a sua própria caneta para fazer a cruzinha no partido escolhido. Para ela, o novo espaço é até melhor. “É mais espaçoso e mais perto da igreja”, diz, referindo-se à igreja de São José, anexa ao salão paroquial. De manhã, muitos saíram da missa dominical para irem para a urna de voto.

As pessoas mantêm o distanciamento entre si. Atrás, um grupo de polícias observa para ver que está tudo em conformidade. Ao longo do espaço, dois funcionários da junta chamam a atenção para a prioridade de grávidas e idosas. À porta do edifico está um distribuidor de desinfectante. “Obrigatório desinfectar as mãos antes de entrar”, lê-se na entrada. Quase como um ritual, praticamente todas pessoas que por ali passam dão ao pedal, o desinfectante cai nas mãos e os dedos são esfregados.

“Existir fila é bom, é sinal de que estamos todos afastados e é sinal que as pessoas estão a votar”, diz Pedro Amaral, que aguarda a sua vez. Não se sabe como serão os números da abstenção – que nas últimas eleições foram os mais elevados de sempre em regionais (59,2%) – mas para este cidadão de 47 anos não existem desculpas para não ir votar. “Eu sinto-me seguro, está toda a gente afastada e de máscara. O dia até está espectacular. Está tudo bom para ir votar”, diz. Em São Miguel, o sol brilha quase como se fosse Verão.

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Dentro do salão, toda a gente na mesa de voto está de máscara. A pessoa responsável por receber o eleitor, além de máscara, usa viseira. A que confirma o cartão de cidadão utiliza luvas. As mesas de voto estão separadas entre si por mais de cinco metros. Exercido o direito, os responsáveis pela organização do acto eleitoral alertam as pessoas que a saída não é feita pelo mesmo local da entrada.

As regionais dos Açores são as primeiras eleições em plena pandemia. Em termos logísticos, trata-se de um primeiro teste para a organização das autárquicas e das presidenciais de 2021. Nas nove ilhas dos Açores, as urnas abriram às 8h locais (mais uma hora no continente) e irão fechar às 19h. Três horas após a abertura, registava-se uma afluência de 9,16% (20.875 pessoas) segundo a Direcção Regional de Organização e Administração Pública, dados avançados pela agência Lusa.

Também já votaram 3541 pessoas na semana passada através voto antecipado em mobilidade – uma possibilidade em estreia em eleições regionais. Estão registados 227,999 eleitores. Em causa está a renovação da governação socialista da região, que dura há 24 anos, 20 dos quais em maioria absoluta. O presidente do Governo Regional desde 2012, Vasco Cordeiro, concorre a um último mandato. Pela frente terá José Manuel Bolieiro, líder do PSD-Açores e antigo presidente da Câmara de Ponta Delgada.

“Eu agora vou para casa, não devo saber o resultado hoje, deito-me cedo”, diz Maria dos Anjos Amaral, já depois de ter votado. O resultado poderá saber amanhã, o que importa é que já foi votar.

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