Queres saber mais sobre gordofobia? Lê-os, ouve-os ou vê-os

Pessoas, livros, podcasts, fotografias ou sites: já muito se fala sobre gordofobia e como acabar com ela. Fizemos uma lista de referências para quem a vive e para quem a quer compreender.

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Tarik Carroll

Combater o estigma da gordofobia e acabar com a discriminação em relação a pessoas com excesso de peso pode começar com um bom livro, uma boa imagem ou uma pessoa inspiradora. Reunimos algumas referências que podem ajudar a entender como é ser gordo na primeira pessoa, como aceitar o próprio corpo, mas também a compreender como o preconceito pode dificultar o caminho para a autoconfiança.

Pessoas

Sofie Hagen

A gordofobia é a bandeira desta comediante dinamarquesa. Em podcasts, espectáculos de stand-up comedy, ou publicações no Instagram, Sophie Hagen fala sobre “como amar o corpo gordo e odiar o sistema”. No seu livro Happy Fat, Taking Up Space in a World That Wants to Shrink You, Sofie conta como removeu as influências gordofóbicas da sua vida e encontrou auto-aceitação. Vergonha, sexo, assentos de avião, amor e muitos outros assuntos contados na primeira pessoa e com direito a dicas para os leitores.

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FAT & FETISH. I’ve wanted to talk about this for a while. I have limited space here to do so, so I can’t say as much as I want to say. I hope you will allow space for me to figure this topic out publically, with you. And consider context and nuance and all of that. A few weeks ago, I was scrolling on TikTok and came across a profile run by a coventionally attractive man who posted videos about loving fat women. First, I had the initial reaction: OH GOD, fetishisation of fat bodies! Gross! But I watched a few of his videos and TikTok started showing him on my feed. So I followed him. And TikTok showed me similar profiles and I followed them too. The videos were celebratory of my body type. Something I have rarely ever seen. A few days later, I realised that I felt sexier. The videos made me feel sexier. In a vacuum, that is ultimately a possitive thing. But I was confused. Why should me feeling sexy depend on whether or not men find me sexy? I should want to be found sexy because of my genius brain, not my BODY. I am more than just a BODY. But, I felt better about myself. And I already felt pretty fucking good. Why is it even considered a fetish to love fat people? I’ve seen MILLIONS of men worship thin women - and solely see then as bodies to fuck. Yet that’s never described as a fetish. And the TikTok guy made a big deal out of talking about NOT fetishising fat women and loving them PUBLICALLY, not secretly. Which, I guess, is good. Men’s opinions about our bodies don’t matter. Yet, that’s an easy thing to say. A harder thing to feel. So as we are unlearning it, can we still enjoy male affirmation? Is it not hard enough being fat without having to also analyse any superficial feeling, just because it’s rooted in misogyny? Can’t we do both? I asked @petty__norm if I could share some of his videos here and told him what I was going to write and he said I could. So if you swipe, there are some videos of his. (And at the end, a shameless advert for my new show available for stream and download.) I’m not sure if there is an answer. It feels like it requires a lot of nuance and complexity to navigate. But that’s the sort of stuff I like.

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Caio Revela

Depois de passar quatro anos obcecado com comida saudável, Caio Revela escolheu aceitar o peso. O activista brasileiro partilha conteúdo relacionado com a gordofobia — não só na sociedade em geral, mas também dentro da comunidade LGBT —, bem como vídeos onde fala de experiências pessoais vividas ao longo da vida.

Haley Morris-Cafiero

A fotógrafa norte-americana lançou, em 2015, o fotolivro Wait Watchers, onde mostrava, através de imagens, as reacções de pessoas que se cruzavam com ela na rua e a olhavam com desprezo por causa do seu corpo. O seu grito contra a gordofobia não ficou por aí: perante os comentários de ódio que recebeu após a publicação do trabalho, criou uma nova série fotográfica, dessa vez dedicada ao cyberbullying.

Preta-Rara

A conta de Instagram de Preta-Rara é uma celebração do corpo da mulher gorda e negra. Foi empregada doméstica, professora de história e agora é rapper: usa a música para falar sobre o que a incomoda. Sem medo dos padrões, a artista partilha está atenta não só à gordofobia, mas também ao racismo e outros temas sociais. Publicou o livro Eu, empregada doméstica: a senzala moderna é o quartinho da empregada, onde relata o seu passado e reivindica direitos. 

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A cada curva do meu corpo, uma conquista alcanc¸ada. E ainda hoje quando eu fico de quebradinha pensando. Eu me pergunto: como eu pude odiar tanto meu corpo? Ja´ esquentei toalha quente e coloquei na barriga pq me disseram que diminuiria. Na adolesce^ncia, passei fita atadura nos seios pra poder diminuir e na~o sofrer mais gordofobia na escola. Ja´ tomei reme´dio proibido emagreci 20kg em 15 dias e fui parar no hospital. Tudo que eu fazia era na busca desenfreada de me sentir aceita. Tudo que eu lia e via era pra diminuir meu tamanho. Hoje e´ gostoso demais eu olhar no espelho e amar esse corpo que carrega tanta histo´ria mesmo com pouca idade (acho que ja´ tenho que parar de falar que tenho pouca idade ne´ ?????????) Sempre me perguntam se eu quero mudar algo nele, sim quero sim, diminuir os seios e colocar silicone pra ficar com peito no queixo e qdo eu estiver com sono so´ deitar neles ????????? E isso na~o vai diminuir quem eu sou pq sou grandona pra carai´, cheia de ideais, conquistas e conhecimento pra caber num 38, ne´ bebe^. O caminho e´ longo mas, e´ possi´vel sim voce^ conseguir praticar o amor pro´prio dia´rio e´ igual comprar uma planta que precisa de a´gua todo dia, enta~o e´ isso. Para de ficar esperando emagrecer pra ser feliz gata, bora´ pq o bonde da vida passa ra´pido viu mana. E o vera~o tai´ lhe esperando pra ser usado e abusado. Aff ja´ quero biqui´nis novos, atenc¸a~o marcas ?????? Marquem ou enviem pra aquela pessoa que ainda tem problemas com relac¸a~o ao seu corpo, fala pra ela vir aqui diariamente pra regar a planta da autoestima dela, Zente bora´ la´. #PretaRara #BeemBonita #PesaDona Ainda bem que inventaram o tripe´ e o temporizador, sendo assim ?? @pretararaoficial

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Livros

A Gorda, Isabela Figueiredo

Maria Luísa, a protagonista do romance de Isabela Figueiredo, é uma rapariga com muitos atributos: inteligente, boa aluna, forte personalidade. Mas o facto de ser gorda coloca o resto em segundo plano. O bullying e o esquecimento são constantes, mas Maria Luísa não desiste de viver uma vida.

Goddess Revolution, Melissa Wells

coach de saúde Melissa Wells dedica-se a ajudar pessoas a fazerem as pazes com a comida e com o corpo. No livro Goddess Revolution, dedicado especialmente a mulheres, Melissa dá conselhos e dicas para que as leitoras recuperem o controlo de como se sentem no seu próprio corpo.

Intuitive Eating, Evelyn Tribole e Elyse Resch

Neste livro, uma dietista premiada e uma nutricionista, ambas especializadas em transtornos alimentares, tentam ensinar a rejeitar a cultura da dieta, a encontrar satisfação na comida, mas também a ter sentimentos sem necessitar de comida. O conceito de alimentação intuitiva, explica Evelyn Tribole no seu site, é “o processo pessoal de honrar a saúde ouvindo e respondendo às mensagens directas do corpo, para responder às suas necessidades físicas e psicológicas”.

Páginas

Fat Body of Work

Uma “colecção de arte (online) feita por mulheres ou pessoas não-binárias gordas”. O site convida artistas a expor os seus trabalhos, apresentando a sua história através de uma entrevista e um pequeno texto. A autora do site, Christine Gaffney, pretende criar inclusão e oportunidades para grupos sub-representados. 

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?Happy Saturday ? A few unreleased jems from our 2018 1st anniversary shoot ????

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The EveryMan Project

Criado por Tarik Carroll, o projecto é uma conversa visual e online que recria movimentos de moda e os reimagina de uma forma diversa, usando modelos de todas as formas e cores. Além de querer dar espaço a outros corpos no mundo da moda, o movimento quer acabar com a masculinidade tóxica.

Podcasts

I Weigh

Se gostas mais de ouvir do que ler, o podcast de Jameela Jamil pode ser uma óptima opção. Das alterações climáticas à saúde mental, a actriz e apresentadora britânica, juntamente com os convidados, pretende “derrubar diferentes estereótipos no mundo, ensinar como podemos usar o nosso tempo e energia para fazer mudanças nas comunidades e no mundo”.

As conversas com Demi Lovato e Debra Messing tocam temas como o body-shaming, tamanhos standardizados e a pressão de corresponder a um padrão.

Sobremesa

O podcast de Mafalda Beirão aborda questões “sobre os mais variados temas”, descreve a autora, que diz sempre ter tido “demasiadas opiniões sobre tudo”. O primeiro episódio, com Joana Monteiro Teixeira, fala sobre o movimento body positive.

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