China está determinada a “derrotar invasores”, diz Xi Jinping num aviso aos EUA

Xi denunciou, veladamente, o “unilateralismo, proteccionismo e egoísmo extremos” dos Estados Unidos de Trump, bem como as “atitudes arrogantes, hegemónicas e hostis, que não levam a lugar nenhum”.

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Xi discursou no 70.º aniversário da entrada da China na Guerra da Coreia THOMAS PETER/Reuters

Num discurso de forte tom nacionalista, o Presidente da China, Xi Jinping, disse nesta sexta-feira que “chantagens, bloqueios e pressão máxima não levam a lugar nenhum” e que o seu país jamais “cederá, nem será subjugado”. As suas palavras, proferidas para assinalar o 70.º aniversário da entrada da China na Guerra da Coreia, contra as forças americanas, foram lidas como um aviso velado aos Estados Unidos.

“A China nunca permitirá que nenhuma força viole ou separe o seu território sagrado”, afirmou Xi Jinping, referindo-se à chegada à Coreia do Norte dos voluntários chineses que lutaram no conflito (1950-53), como uma resistência à “agressão norte-americana”.

Sem mencionar o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, Xi denunciou o “unilateralismo, proteccionismo e egoísmo extremos”, bem como as “atitudes arrogantes, hegemónicas e hostis, que não levam a lugar nenhum”.

“É preciso falar com os invasores na língua que eles conhecem”, disse. “Uma guerra deve ser travada para deter a invasão e a violência. Deve ser enfrentada com violência. É necessário vencer para conquistar paz e respeito”, salientou.

Xi Jinping defendeu um “avanço mais rápido” na modernização das Forças Armadas da China, e a “união na formidável força que une todos os chineses” para que “lidem com os problemas com a cabeça erguida”.

“A China nunca vacilará perante ameaças ou será subjugada. Nós, os chineses, somos firmes e confiantes e olhamos para o futuro com a expectativa do rejuvenescimento da nação”, garantiu.

As declarações surgem um dia depois do anúncio de uma possível venda de armas dos Estados Unidos a Taiwan, ilha que Pequim considera uma província rebelde, já tendo feito saber que não renunciará ao uso da força para conseguir “a reunificação” com o resto da República Popular da China.

O Departamento de Estado norte-americano anunciou a intenção de vender três lotes de armas à ilha, incluindo mísseis SLAM-ER e unidades HIMARS, um sistema de lançamento múltiplo de mísseis que, segundo o jornal South China Morning Post, dará a Taiwan armas que podem alcançar o território da China continental.

O negócio está avaliado em 1,8 mil milhões de dólares (1,5 mil milhões de euros).

China e Taiwan separaram-se em 1949, quando os nacionalistas se refugiaram na ilha, após perderem a Guerra Civil para os comunistas, que governam a República Popular da China desde então.

O Presidente chinês lembrou que há 70 anos as tropas chinesas e os norte-coreanos derrotaram os rivais e “destruíram o mito da invencibilidade do Exército dos Estados Unidos”.

“Nós destruímos o plano dos agressores. Após a vitória, os chineses finalmente puderam remover o rótulo de serem ‘os doentes do Leste Asiático'”, apontou.

“Mostrámos ao mundo a coragem das nossas forças armadas para lutar e vencer”, acrescentou, indicando ainda que cerca de 197 mil chineses morreram no campo de batalha.

O Presidente chinês assegurou que a participação da China na Guerra da Coreia mostrou o compromisso com a salvaguarda da paz mundial e apelou aos chineses para “promoverem o espírito dessa guerra”.

Ao mesmo tempo, defendeu que Pequim “não procura a expansão” e “está preparada para trabalhar com o mundo”. “O desenvolvimento pacífico e a cooperação mutuamente benéfica continuam a ser o caminho certo”, disse.

A relação entre a China e os Estados Unidos deteriorou-se nos últimos dois anos, com disputas simultâneas entre as duas maiores economias do mundo. Em Pequim e em Washington, referências a uma “nova Guerra Fria” são agora comuns.

À guerra comercial e tecnológica ou à luta diplomática e ideológica juntaram-se renovadas tensões em torno de Taiwan ou da soberania do Mar do Sul da China.

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