Covid-19: Portugal passou os 3 mil casos diários. Há 3270 novas infecções, quase 2 mil no Norte

Morreram 16 pessoas nas últimas 24 horas. Número de internados bate máximo de Abril: há 1365 doentes hospitalizados com covid-19, 200 em cuidados intensivos. Grande parte dos novos casos (1954) foram registados no Norte.

É uma frase que temos lido várias vezes nas últimas semanas. Repete-se hoje: Portugal teve, esta quinta-feira, o pior dia de sempre em termos de novos casos de covid-19. Mas com mais força: o país ultrapassou, pela primeira vez, a fasquia dos 3 mil casos diários — 3270, segundo revelam os dados desta quinta-feira da Direcção-Geral da Saúde (DGS). Com este valor, Portugal tem agora 109.541 casos confirmados desde Março.

Quase todos os valores mais altos de casos diários foram registados este mês que, não estando ainda no fim, contabiliza já mais infecções do que, por exemplo, o mês de Abril. A 14 de Outubro, Portugal ultrapassou os 2000 casos diários, mas Marta Temido já deixava o aviso, em conferência de imprensa, que o número 3000 podia chegar já na semana seguinte – o que acabou mesmo por acontecer.

Grande parte dos novos casos (1954 ou 59,7%) foi registada na região Norte. Este aumento de casos na região Norte já levou o Governo a tomar medidas, aprovando uma resolução que impõe o dever de permanência no domicílio a três concelhos do país onde a pandemia mais cresce: Felgueiras, Lousada e Paços de Ferreira. A medida tem efeito a partir das 24h desta quinta-feira.

Nas últimas 24 horas, 16 pessoas morreram por causa da covid-19, o que eleva o total de mortes para 2245.

O boletim desta quinta-feira dá conta de uma subida no número de casos activos, indicador que tem estado em crescimento desde meados de Agosto e que teve a primeira descida nesta terça-feira, com menos 71 casos activos. No entanto, logo no dia seguinte, este indicador voltou a subir e atingiu esta quinta-feira o valor mais elevado de sempre — há, assim, mais 1961 casos activos, num total de 42.765.

Olhando para o número de casos internados, o aumento também é significativo e faz com que Portugal ultrapasse o pico de Abril. No dia 6 desse mês, existiam 1302 doentes internados, 229 em cuidados intensivos. E existem, agora, 1365 doentes hospitalizados (93 desde quarta-feira). Destes, 200 (mais 13) estão internados em unidades de cuidados intensivos. Por outro lado, o número de casos recuperados também é significativo: existem mais 1293 casos recuperados desde esta quarta-feira, num total de 64.531. Pelo menos 55.809 pessoas estão ainda a ser acompanhadas pelas autoridades de saúde, menos 73 desde o dia anterior. 

Norte com grande parte dos casos

Olhando para a distribuição dos casos por região, Lisboa e Vale do Tejo continua a ser a que tem o maior número acumulado de casos no país. Ao todo, são 50.395 os registos de infecção (936 nas últimas 24 horas) e 898 mortes por covid-19 (seis desde quarta-feira).

O Norte tem 44.875 casos e 987 mortes — é a região com o maior número de vítimas mortais, sete das quais ocorridas nas últimas 24 horas. Já o Centro tem 9024 infecções (281 nas últimas 24 horas) e 285 mortes (duas desde quarta-feira). O Alentejo totaliza 2219 casos (56 novos) e 31 mortes (uma nas últimas 24 horas). No Algarve há 2335 casos de infecção (28 nas últimas 24 horas) e 23 óbitos. A Madeira registou 361 casos de infecção (12 novos) e zero mortes desde o início da pandemia. Já os Açores registam 332 casos (mais três) e 15 mortes desde o início da pandemia.

Os dados do relatório da DGS indicam que, do total de mortes registadas, 1007 são mulheres e 1138 homens. As 16 mortes registadas nas últimas 24 horas são referentes a nove cidadãos acima dos 80 anos, três pessoas entre os 70 e os 79 anos e a quatro pessoas entre os 60 e os 69 anos. A doença causada pelo novo coronavírus é mais mortal na faixa etária acima dos 70 anos: a covid-9 matou 1947 pessoas com estas idades, o que representa 86,7% de todas as mortes registadas em todas as faixas etárias.

Três vezes mais testes e três vezes menos mortes

A resposta simples é sim, mas a razão de se fazerem testes neste momento “é completamente diferente da daquela altura”, como explicou Jorge Torgal, médico especialista em saúde pública, em entrevista ao PÚBLICO e à Renascença nesta quinta-feira. “A epidemia estava a chegar a Portugal e estava a difundir-se. A razão de se fazerem testes hoje é completamente diferente da daquela altura. Hoje, fazem-se testes de rastreio a populações que não têm sintomas, ou porque tiveram contactos”, diz o especialista.

Olhemos para os números recolhidos pelo site Our World in Data, da Universidade de Oxford. Portugal fez até agora cerca de 3.093.526 testes à covid-19, mais de 303 mil por milhão de habitantes. Em Abril, o pior mês do primeiro pico da pandemia em Portugal, Portugal fez um total de 128 mil testes, uma média de 4270 testes por dia. O dia em que mais testes foram feitos foi 30 de Abril, com um total de 16.373 testes feitos. Nesse mês, o país teve uma média de 498 casos por dia, num total de 14.944 casos confirmados.

Ainda que este mês não esteja ainda no fim, Outubro já ultrapassou Abril em número de casos totais, com 15.763 infecções confirmadas desde o dia 1 — uma média de 750 casos por dia, número que não inclui os números desta quinta-feira. Foi também em Outubro que foi registado o dia com mais testes desde o início da pandemia, a 14 de Outubro, com 30.838 testes feitos num dia. No total, e até ao dia 18 deste mês (os últimos dados disponíveis), já foram feitos mais de 474 mil testes, uma média de 26,3 mil por dia.

Mas se o número de casos é importante para avaliar a evolução da pandemia, há outro que também o é. Apesar de haver um número muito maior de infectados, a covid-19 está a matar menos portugueses do que em Abril, quando matou 809 pessoas, numa média de 26,9 portugueses por dia. O dia com mais mortes confirmadas foi a 3 de Abril, quando se contaram 37 óbitos. Até agora, em Outubro, a média é de 12 mortes por dia, num total de 258 vítimas mortais. O valor mais alto foi a 16 de Outubro, com 21 óbitos.

No início de Outubro, a ministra da Saúde revelou que Portugal estava a realizar quase 20 mil testes de despistagem à covid-19 por dia. “Passamos de uma média de 2500 testes por dia em Março para 19.600 testes por dia neste mês de Outubro”, realçou Marta Temido.

De acordo com o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC), Portugal tem 243,3 casos por cada 100 mil habitantes, valor que diz respeito aos últimos 14 dias. Há precisamente dois meses, por exemplo, a incidência da doença no país estava abaixo dos 30 casos por cada 100 mil habitantes — a 21 de Agosto, este valor situava-se nos 27,8 casos.

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