Combater o bullying, promover a saúde psicológica

A exposição ao bullying é uma experiência muito traumática, tendo repercussões ao longo da vida. Tem consequências graves ao nível da saúde física, psicológica e ao nível social.

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Daniel Rocha

Dia 20 de Outubro assinala-se o Dia Mundial de Combate ao Bullying. Uma data que pretende alertar a comunidade internacional para esta problemática tão presente em contexto escolar.

Os dados estatísticos, sobre a presença de bullying, são muito preocupantes. De acordo com a UNICEF, um em cada três jovens com idades compreendidas entre os 13 e os 15 anos é regularmente vítima de bullying na escola. Recentemente, um estudo realizado pelo ISCTE referiu que, durante os meses de confinamento, 60% dos estudantes portugueses relataram ser vítima de cyberbullying (um dos tipos de bullying que recorre à utilização da Internet). 

Estes dados têm de nos fazer reflectir. O bullying não faz parte do desenvolvimento normal e saudável das crianças e adolescentes. Ele não corresponde a uma briga entre pares, ou a um simples desentendimento normativo nas relações interpessoais. O bullying é um comportamento de agressão em que um indivíduo, ou um grupo, exerce o seu poder, de modo recorrente, com a intenção de magoar ou humilhar o outro. Assim, as crianças e jovens usam o seu poder - como a força física, o acesso a informação embaraçosa, ou a sua popularidade - para dessa forma controlar o outro, tendo este potencial para ocorrer mais do que uma vez.   

Este comportamento (quer exercido de forma presencial, quer online) não pode ser desvalorizado. Necessita da acção e mobilização de toda a comunidade escolar: alunos, professores, direcções das escolas, assistentes operacionais, encarregados de educação e outros técnicos de educação.

A exposição ao bullying é uma experiência muito traumática, tendo repercussões ao longo da vida. Tem consequências graves ao nível da saúde física, psicológica e ao nível social. Aumenta o isolamento das crianças e jovens, influencia, negativamente, o sucesso escolar e está relacionado a uma maior vulnerabilidade para o desenvolvimento de perturbações mentais ao longo da vida. E as consequências negativas não são exclusivas das vítimas, pois estende-se também aos agressores e às testemunhas. Tem um impacto muito alargado e facilmente se compreender que uma situação de bullying pode afectar negativamente todos os alunos. 

Posto isto, é urgente combater o bullying, sendo necessário implementar programas de intervenção e prevenção em contexto escolar. Programas que visam o desenvolvimento socioemocional das crianças e jovens, como forma de promover a empatia, o respeito pelos outros, a capacidade de compreender e aceitar o outro. Programas que permitem criar uma sociedade mais sensível e atenta aos problemas, uma sociedade mais inclusiva. Com a implementação destes programas estamos a dar a oportunidade às crianças e jovens de reconhecerem as suas emoções e identificá-las nos outros, estando mais sensibilizados para os apoiar e ajudar. Por último, a eficácia da implementação destes programas visa proporcionar uma melhor saúde psicológica, sendo promotor da saúde Mental a longo prazo.
 

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