App StayAway Covid foi descarregada 2,28 milhões de vezes. Os números são de Marques Mendes

Comentador considera que a decisão de tornar a aplicação obrigatória foi absurda, mas teve um resultado feliz. E mostra-se satisfeito com orçamento que não é “à Sócrates”.

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MIGUEL MANSO

O "abanão” que António Costa queria dar ao país funcionou. É essa a opinião de Marques Mendes que considerou, neste domingo, na SIC, que a decisão do Governo de apresentar uma lei para tornar a aplicação StayAway Covid obrigatória foi "uma ideia errada que gerou resultados felizes”. Agora, disse o ex-líder do PSD, “o primeiro-ministro pode dizer, com a habilidade que o caracteriza, que já não é preciso lei”. 

Marques Mendes justificou o seu raciocínio com números. Até às zero horas, “houve um surto enorme de descarregamentos, códigos gerados e códigos introduzidos": as instalações da aplicação situam-se agora em 2,28 milhões, os códigos gerados são já 700 e os inseridos 300. “Foi um crescimento enorme nestes últimos dias”, disse, acrescentando que 37% dos 6,2 milhões de telemóveis que podem usar esta app já fizeram o seu download.

"Esta novela acabou”, vaticinou Marques Mendes, para quem a lei era “parcial, inédita, absurda” e consagrava portugueses de primeira e de segunda. “Era absurdo completo e impraticável, ingerível, ineficaz. Não há pior do que fazer uma lei para não ser cumprida”, disse.

Sobre as restantes medidas apresentadas pelo primeiro-ministro no briefing do Conselho de Ministros, o comentador disse que eram “tardias e insuficientes” e considerou que o Governo "anda a apanhar bonés”. “Visto de fora, a sensação que fica é a de que há uma grande desorientação. No início da semana passada estávamos em situação de contingência, na quinta-feira passámos a calamidade e no sábado já se falava no regresso ao estado de emergência. O discurso passa a vida a mudar. As pessoas não aderem quando não percebem o racional. Tem de haver um discurso mais constante”, aconselhou.

Apesar de tudo, Marques Mendes concorda que é impossível voltar ao grande confinamento de Março, defendendo preferencialmente confinamentos cirúrgicos e maior articulação entre sector público e privado ao nível das respostas sanitárias. “Não pode haver preconceitos”, defendeu Marques Mendes, que aproveitou para dar uma notícia: “O Governo prepara-se para anunciar que visitas a idosos podem vir a aumentar. Hoje só é permitida uma por semana.”

Orçamento prudente

O comentador da SIC deixou dois elogios ao Orçamento do Estado do Governo e também duas críticas. Primeiro, os elogios. “Não é um orçamento à Sócrates. É prudente”, atirou. “Tem uma carga social forte e no momento que se vive esta invertida social é positiva.” Depois, as críticas: “Não tem política económica. É o grande buraco, a grande decepção”, lamentou, insistindo que faltam medidas para fomentar exportações, a competitividade empresarial e a capitalização das empresas. “Este OE não tem o dedo do ministro da Economia e isso não é bom.” Marques Mendes regista também que não “tem solidariedade regional para com os Açores e a Madeira”, o que considerou “inadmissível”.

Em suma, “foi feito para ser viabilizado à esquerda” e “tudo aponta para que sejam o PCP e o PAN a viabilizá-lo”. Para Marques Mendes, “o Bloco é a maior incógnita”. E sendo certo que, como disse o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Duarte Cordeiro, matematicamente não é preciso o voto do Bloco para que ele passe à fase seguinte, “politicamente não é a mesma coisa”.

“Se chumbar agora, o Bloco não vai voltar atrás no próximo ano”, avisou Mendes. Mas deixou também um alerta aos bloquistas sobre o preço a pagar pelo partido “por votar ao lado da direita um orçamento com este pendor social”. Finalmente, Marques Mendes disse esperar por algumas coligações negativas na especialidade.

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