Bloco não vê avanços do Governo no OE mas mantém “grande vontade” de acordo

A três dias da entrega do OE, Catarina Martins diz que há um “autêntico impasse” nas negociações com o Governo, regista evoluções do Bloco na nova prestação social e Novo Banco, desafiando executivo a fazer o mesmo.

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LUSA/ESTELA SILVA

Catarina Martins disse esta sexta-feira que “a grande vontade do Bloco de Esquerda é que haja acordo e soluções”, lembrando que os bloquistas têm evoluído nas suas posições, ao contrário do Governo que se mostra “intransigente”. A líder bloquista deixa assim a sugestão que o executivo terá também de ceder. 

A líder do Bloco falava aos jornalistas na sede do partido em Lisboa, depois do encontro com a Confederação das Micro e Pequenas Empresas. 

A três dias da entrega do Orçamento do Estado para 2021 no Parlamento - e quando o Governo ainda não garantiu o apoio político para que o documento seja viabilizado -, a líder do Bloco vem assim sinalizar a vontade de se entender com o executivo de António Costa, pedindo que haja esforços de aproximação da parte do PS. “A grande vontade do BE é que haja acordo e soluções”, que têm de ser “concretas”. O problema é que, para a líder do Bloco, o PS não tem feito contrapostas, ao contrário do BE que tem evoluído nas suas posições. 

E dá dois exemplos do esforço de aproximação que considera ter sido feito pelo BE, mas não pelo Governo. Na nova prestação social, a proposta inicial do Bloco não previa que esta ficasse sujeita à condição de recursos. “Aceitamos debater isso. O que não podemos aceitar é que uma criança valha metade”, disse Catarina Martins. 

Segundo exemplo. “O que estamos a dizer ao Governo é que conseguimos um acordo se pelo menos nos entendermos no princípio que não se faça uma injecção de capital no Novo Banco, sem que se faça uma auditoria”, afirmou. Catarina Martins precisou que isto não significa que o Bloco tenha deixado cair a proposta de serem os bancos a capitalizar directamente a instituição. “Essa proposta também é válida para depois de uma auditoria”, detalhou. 

Catarina Martins confirmou aos jornalistas ter recebido do Governo um documento na manhã de quinta-feira e admitiu que até segunda-feira podem existir novos encontros, até porque as reuniões “têm sido marcadas de forma diligente”. 

No entanto, não quis deixar de sublinhar as intransigências do PS e as aproximações feitas pelo Bloco. 

Se os bloquistas evoluíram nas posições na nova prestação social e no Novo Banco, o Governo não mostra avanços na legislação laboral, no Novo Banco, nas contratações na saúde e na nova prestação social. 

“Existe entre o Governo e o Bloco de Esquerda um autêntico impasse em torno de pontos fundamentais por intransigência do PS”, disse a deputada, acrescentando que o Governo “deu finalmente algumas respostas”, “mas na verdade é que recusa aproximações, sendo que o BE não está a propor o seu programa”. 


 
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