Loures diz que faltam recursos humanos à saúde e que as equipas estão exaustas

Bernardino Soares criticou o facto de o Governo não ter cumprido o compromisso de reforçar a Unidade de Saúde Pública e de tornar os concursos para médicos e enfermeiros pouco atractivos.

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O presidente da Câmara de Loures, Bernardino Soares (CDU), alertou nesta quinta-feira para a falta de recursos humanos nos centros de saúde do concelho e no Hospital Beatriz Ângelo, apontando para o risco de constrangimentos no acesso aos cuidados de saúde. O autarca critica o facto de o Governo não ter cumprido o compromisso de reforçar a Unidade de Saúde Pública e de tornar os concursos para médicos e enfermeiros pouco atractivos.

“Não houve praticamente reforço de recursos humanos nos últimos meses. É residual a entrada de recursos e é só de enfermeiros”, denunciou o autarca. “Em relação a médicos, as vagas disponibilizadas são inferiores àquelas que tinham sido pedidas pelo ACES (Agrupamento de Centros de Saúde) e ainda não houve a entrada de nenhum médico”, apontou. Relativamente aos enfermeiros, Bernardino Soares referiu que entraram “meia dúzia”, sublinhando que estes profissionais “são essenciais para a realização das visitas domiciliárias e para o apoio nos lares e nas escolas”.

“Isto deve-se, certamente, ao facto de os concursos que estão a ser feitos pelo Ministério da Saúde terem condições muito fracas. São concursos para quatro meses de contrato e um salário líquido inferior a mil euros. Isto não é propriamente atractivo para a maioria dos profissionais de enfermagem”, argumentou. “Isto põe em causa a resposta à covid-19 e aos restantes cuidados primários de saúde. Deixa-nos muitíssimo preocupados. O Inverno está aí, a covid continua a subir, as outras patologias de Inverno vão continuar a aparecer e os recursos não estão preparados para esta situação”, sintetizou.

O autarca afirmou que as equipas multidisciplinares responsáveis por visitar os doentes com covid não estão a ser renovadas e apontou também o dedo à Segurança Social, que “não fez nenhum reforço” deste pessoal. “Isto não é possível de aguentar muito mais tempo, a resistência humana tem limites.”

Bernardino Soares alertou, igualmente, para o congestionamento do Hospital Beatriz Ângelo, que serve os concelhos de Loures, Odivelas, Mafra e Sobral de Monte Agraço, e defendeu a necessidade de existir uma maior articulação regional. “O Hospital Beatriz Ângelo tem muito mais internamentos do que os outros hospitais da região e isso significa que torna mais difícil o tratamento dos doentes covid aqui da zona e também tira recursos ao resto da actividade do hospital, penalizando a população”, alertou.

Como o PÚBLICO noticiou esta quinta-feira, nos hospitais da região de Lisboa e Vale do Tejo não existe gestão centralizada de camas, o que obriga os gestores hospitalares a telefonar uns para os outros directamente sempre que é preciso transferir doentes. O presidente da Câmara de Loures acredita que “é possível fazer uma gestão diferente”.

Outro dos alertas feitos pelo autarca comunista foi sobre o acesso previsto à vacina da gripe nas farmácias, considerando que este corresponde a “um recuo em relação aos últimos anos”. “No nosso concelho ficará por um terço dos valores que habitualmente temos nesta vacinação e, portanto, o que nós temos com esta proposta, em que o Governo além de disponibilizar as vacinas não coloca nenhuma verba, é um recuo ao que tivemos em anos anteriores e nós consideramos isso inaceitável”, atestou.

A campanha de vacinação do Serviço Nacional de Saúde, que começa habitualmente em 15 de Outubro, inicia-se este ano mais cedo com uma primeira fase para a qual há 350 mil vacinas disponíveis. Residentes em lares de idosos, profissionais de saúde, profissionais do sector social que prestam cuidados e grávidas estão entre os sectores mais vulneráveis e serão os primeiros a poder ser vacinados. Na segunda fase, que começará em 19 de Outubro, estão incluídos outros grupos de risco: pessoas com 65 ou mais anos e pessoas com doenças crónicas.

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