Desabamento no metro aconteceu devido a “erro grosseiro”, diz Medina. Troço deve reabrir até sexta-feira

Presidente da Câmara de Lisboa diz que queda do tecto resultou de uma obra da autarquia “totalmente alheia” ao Metropolitano. Ainda não há hora definida para reabertura do troço, mas Metro de Lisboa espera que não passe de sexta-feira.

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LUSA/MÁRIO CRUZ
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O desabamento do tecto do túnel do Metro de Lisboa perto da estação da Praça de Espanha resultou de um “erro grosseiro” durante as obras que decorrem nessa zona, afirmou nesta quarta-feira o presidente da câmara da capital, Fernando Medina.

O acidente foi provocado “exclusivamente” por uma obra da câmara que se realiza à superfície e que é “totalmente alheia” ao Metropolitano de Lisboa, disse o autarca.

“Não há qualquer problema estrutural com os túneis do metro na cidade de Lisboa”, assegurou Fernando Medina. “O lamentável acidente que ontem [terça-feira] ocorreu na Linha Azul do metro decorre exclusivamente da responsabilidade de uma obra da Câmara Municipal de Lisboa. Isso é totalmente inequívoco”, sublinhou.

O erro “grosseiro”, segundo o autarca, foi uma perfuração vertical “indevida” do túnel do metro durante a remoção de uma laje à superfície, nas obras da Praça de Espanha.

Em conferência de imprensa à porta dos Paços do Concelho de Lisboa, Fernando Medina afirmou que a câmara “assume a responsabilidade” pelo acidente e acrescentou que já foi instaurado um inquérito, que será liderado por um engenheiro independente nomeado pelo bastonário da Ordem dos Engenheiros”, para “apurar responsabilidades”.

Na terça-feira, o presidente do conselho de administração do Metro de Lisboa, Vítor Domingues dos Santos, tinha explicado que o furo do túnel aconteceu “ao demolirem parte da estrutura de betão armado”, já muito antiga, “danificando o comboio que estava no momento a passar”. A estrutura “é uma mistura de pedra e betão, uma mistura frágil, com cerca de 50 anos”, acrescentou.

BE pede reforço dos autocarros e inspecção às estruturas do metro

O desabamento provocou ferimentos ligeiros em quatro pessoas e a interrupção da circulação na Linha Azul, que está agora a ser feita nos troços Reboleira-Laranjeiras e Marquês de Pombal-Santa Apolónia.

À saída da reunião com os presidentes do Metropolitano de Lisboa e da Carris, Fernando Medina lamentou o “incómodo e perturbação” que a situação causou a quem estava nas carruagens e a quem viu a sua rotina alterada devido ao corte de circulação no troço.

“Tudo estamos a fazer para minorar os problemas que as pessoas estão a sentir, em especial através da actuação da Carris”, garantiu.

A Carris anunciou na terça-feira à noite o reforço dos trajectos dos autocarros que passam na Praça de Espanha, mas isso não é suficiente para compensar a operação do metro, um facto reconhecido por Fernando Medina.

Nesta quarta-feira, o Bloco de Esquerda (BE) de Lisboa propôs um reforço da “ligação entre o Marquês de Pombal e as Laranjeiras pela Carris”, face às “filas intermináveis” verificadas durante esta manhã que mostram que o reforço “não é suficiente”.

O presidente da Carris, Tiago Frias, garantiu no final da reunião na câmara que a empresa está a “monitorizar” os esforços feitos nas carreiras 726 e 746 e que, caso seja necessário, pode ser considerado um reforço da frequência dos autocarros feito de forma “progressiva”. Tiago Frias realçou, no entanto, que são “tempos atípicos” no sistema de transportes de Lisboa, sendo necessário acompanhar a situação no resto da cidade.

O BE-Lisboa propôs também a realização de uma inspecção conjunta entre o Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), a câmara e o Metro de Lisboa “a toda a rede de metro com mais de 30 anos de construção”.​ 

“Mesmo admitindo que o abatimento ocorrido possa estar exclusivamente ligado a um erro na execução da obra que decorria à superfície após o incidente, é imperativo analisar a globalidade da estrutura do túnel afectado de forma a assegurar que as trepidações e movimentos a que a estrutura foi sujeita não comprometeram mais profundamente a segurança global da infra-estrutura”, lê-se no comunicado.

O PCP, por seu lado, defende que “além das responsabilidades directas de quem estava envolvido na intervenção da Praça de Espanha, em que a CML é o dono de obra, coloca-se a questão da verificação prévia dos projectos de obra, quando estas se situam no perímetro dos túneis do Metro e do acompanhamento que compete ao próprio Metropolitano, relativamente às condições em que esses trabalhos se realizam e à segurança que deve ser garantida no plano operacional aos utentes e trabalhadores do Metro.”

E aproveita para assinalar que “se esta situação ocorresse com a ‘Linha Circular’ que o Governo pretende impor (ao arrepio das decisões aprovadas na AR), tal resultaria, não na interrupção da circulação do Metro na Linha Azul, mas praticamente em toda a Cidade de Lisboa – afectando a actual Linha Azul, a actual Linha Amarela e a actual Linha Verde, tal como o PCP tem vindo a sublinhar.”

Troço deverá reabrir até sexta de manhã

Fernando Medina afirmou que já está a ser definido um plano de intervenção com o LNEC e com o Metro de Lisboa “para que se possam repor as condições de segurança naquele troço e para que a circulação possa ser tomada com brevidade”.

Nesse sentido, o autarca acrescentou que os trabalhos já foram iniciados, tal como Vítor Domingues dos Santos já tinha avançado na manhã desta quarta-feira. Depois das declarações de Fernando Medina, o presidente do Metro de Lisboa esclareceu que falta apenas a confirmação de um especialista para avançar com os trabalhos de betonagem para tapar o buraco, a única parte do processo que ainda tem de ser posta em marcha.

“O resto dos sistemas já está recuperado. Só falta tapar o buraco. Esperamos começar isso durante a tarde”, afirmou. Vítor Domingues Santos voltou a dizer que “ainda é cedo” para ter um prazo certo quanto à retoma da circulação, mas conta que tal seja possível “até sexta-feira de manhã”.

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