BE desconhece “avanços” que o Governo diz existirem nas negociações de novo apoio social

Catarina Martins diz desconhecer os pormenores dos “avanços concretos” assinalados este sábado pelo secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Duarte Cordeiro. Mas o BE continuará a trabalhar na proposta.

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Catarina Martins esteve este domingo numa sessão pública que denunciou abusos laborais na pandemia LUSA/PAULO NOVAIS

O Governo afirmou este sábado que já houve avanços concretos nas negociações do Orçamento do Estado, como a criação de um novo apoio social proposto pelo Bloco de Esquerda (BE), mas a líder bloquista, Catarina Martins diz que não sabe a que é que o executivo socialista se refere, uma vez que não são conhecidos ainda nem os valores, nem a abrangência deste novo apoio social. “O Governo já disse que quer trabalhar nesta prestação connosco, embora não se tenha comprometido nem com o valor, nem com a abrangência. Não sabemos na prática a que é que se refere”, afirmou a líder do BE. Mas não fechou a porta. Ainda que afirme desconhecer os “avanços concretos” assinalados pelo secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Duarte Cordeiro, Catarina Martins garantiu que o partido continuará a trabalhar nela.

Este sábado, Duarte Cordeiro disse à agência Lusa que existem “matérias muito concretas onde houve avanços”, nomeadamente “no novo apoio social, em matérias como a precariedade, matérias como a preservação de contratos colectivos e de direitos associados a contratos colectivos”. De acordo com o membro do executivo, estas são "algumas das matérias" que “têm sido centrais nas reivindicações”. Duarte Cordeiro acrescentou que algumas têm já “alguns anos” e estão a ter agora “resposta positiva”.

“O BE, por exemplo, apresentou como uma das suas propostas uma nova prestação social que garantisse às pessoas que não têm apoio pelo menos um apoio que fosse diferencial até ao limiar da pobreza. Outros partidos chamaram-lhe apoio extraordinário neste ano. E o Governo, numa das reuniões que já teve oportunidade de ter, já avançou no sentido de dizer que está disponível para avançar com essa proposta”, afirmou o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares. Mas a líder bloquista continua a querer saber qual os valores que o apoio social terá e quem poderá recorrer a ele.

Em Aveiro, na apresentação de um balanço dos dados recolhidos na sua plataforma de recolha de denúncias de abusos laborais, Catarina Martins insistiu nas questões laborais como matéria essencial para as negociações para o Orçamento do Estado de 2021. “Um país não se defende apenas protegendo quem perdeu tudo com a crise. Defende-se não deixando que as pessoas percam mais com a crise”, considerou. 

A líder bloquista sublinhou que, além das prestações sociais, é importante garantir que, em primeiro lugar, as pessoas não perdem os seus empregos. “Ao mesmo tempo que queremos discutir o apoio a quem perdeu tudo, queremos também discutir as condições de manutenção e protecção do emprego. O salário é o mais importante para quem trabalha”, disse. 

“A prestação social tem de chegar a quem já não tem nada. Mas o nosso primeiro passo tem de ser proteger o direito ao salário, de proteger o emprego e garantir que a coberto da crise não se multiplicam todos os apoios que acabam por fazer de quem trabalha sempre as mesmas vítimas da crise”, afirmou a líder bloquista. 

E concluiu com um recado a António Costa: se o PS quer que o OE 2021 seja aprovado à esquerda, “a resposta à crise tem de ser a resposta que põe a defesa do emprego, do salário e da dignidade de quem trabalha em primeiro lugar”.

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