Estrangeiros compraram 8,5% das casas vendidas em 2019

Quase 40% dos imóveis comprados por não residentes correspondeu a valores iguais ou superiores a 500 mil euros. Algarve ultrapassou Lisboa pela primeira vez.

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Pedro Fazeres

Os estrangeiros em Portugal andam a comprar menos casas, mas andam a comprar cada vez mais caro. No ano de 2019, os cidadãos não residentes em Portugal foram responsáveis por 8,5% dos imóveis transaccionados e em valor a compra por estrangeiros assegurou uma fatia de 13,3%.

Depois de dois anos muito fortes na compra de imobiliário por parte de estrangeiros, o ano de 2019 trouxe algum arrefecimento. Em 2018, os acréscimos face ao ano anterior foram de 14,5% em número e 19,2% em valor; em 2017, o crescimento tinha sido de 22,2% em número e 22,6% em valor. Em 2019, o número de imóveis adquiridos por não residentes chegou mesmo a diminuir (2%), tendo aumentado apenas 1% em valor.

Em 2019, o valor médio dos prédios vendidos a não residentes situou-se em 176.429 euros (+3,1% face a 2018). Este valor é 57% superior ao valor médio das transacções totais. 

De acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), a distribuição regional do número e do valor dos imóveis adquiridos por não residentes foi diferente no ano de 2019. O Algarve continuou a liderar em número, com 26,9% (tinha conseguido 28,6% em 2018) e voltou a ultrapassar a Área Metropolitana de Lisboa em termos do valor global dos imóveis adquiridos por não residentes (situação que se havia invertido em 2018), representando assim 37,7% do valor das aquisições por não residentes. A Área Metropolitana de Lisboa teve 35,8%, depois de ter conseguido aumentar 6,1% em número de transacções e ter perdido 8,5% em valor, face a 2018.

Estes números são influenciados pelos chamados “vistos gold”, o nome vulgarmente atribuído às Autorizações de Residência em Portugal para Actividades de Investimento, atribuídos a quem fizer investimentos superiores aos 500 mil euros e que existe desde 2012. Segundo o INE, quase 40% do valor das aquisições de não residentes correspondeu a imóveis com valor unitário igual ou superior a 500 mil euros. E o valor médio dos imóveis adquiridos por não residentes por preço igual ou superior a 500.000 euros atingiu 923.016 euros, aumentando 3,2% face a 2018.

No seu boletim anual acerca da aquisição de imóveis por não residentes, o INE destaca que no ano de 2019 voltou a aumentar a proporção de imóveis vendidos a estrangeiros com um valor unitário igual ou superior a 500 mil euros - representando 7,5% do número de imóveis adquiridos por não residentes e 39,2% do valor total. Um crescimento face a 2018, quando estas vendas significavam 7,2% do número de transacções e 37,6% em valor.  

Tal como no ano anterior, foram os residentes em França que mais imóveis adquiriram em Portugal (18,1% do valor total dos imóveis adquiridos por não residentes), seguidos pelos residentes no Reino Unido (17,3%). Entre os principais países de residência dos compradores não residentes, é de salientar a China, cujo valor médio dos imóveis adquiridos por residentes neste país (373.071 euros) foi mais do dobro do valor médio total dos imóveis vendidos a residentes no estrangeiro.

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