Convenção chumba lista da direcção nacional de Ventura, que tem de a refazer

Eleição da direcção nacional precisa de maioria de dois terços. Foram aprovadas alterações aos estatutos e a moção estratégica de André Ventura.

André Ventura entre Diogo Pacheco de Amorim (à esquerda) e Nuno Afonso (à direita).
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André Ventura entre Diogo Pacheco de Amorim (à esquerda) e Nuno Afonso (à direita). Nuno Ferreira Santos
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Nuno Ferreira Santos
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André Ventura precisava de uma maioria de dois terços dos votos favoráveis dos delegados à convenção para eleger a lista da sua nova direcção nacional, mas não conseguiu sequer uma maioria simples de votos a favor. Dos 510 delegados inscritos apenas votaram 378. Mas a lista recebeu 193 votos contra e 183 a favor; houve ainda um voto branco e outro nulo. Para chegar à maioria qualificada André Ventura necessitava de pelo menos 252 votos e ficou a 69 votos do objectivo.

André Ventura reagiu pedindo a suspensão dos trabalhos para elaborar uma nova lista para ir a votos ainda esta tarde. Tem agora duas horas (até às 15h30) para entregar nova proposta à mesa da convenção. Se for novamente chumbada, André Ventura pode manter-se como presidente mas o partido terá que convocar uma nova convenção para essa eleição, de acordo com a informação prestada ao PÚBLICO pela presidente do conselho nacional de jurisdição.

A lista que entregou na noite de sábado à mesa da convenção mantinha como vice-presidentes Diogo Pacheco de Amorim (o ideólogo do partido e que deverá substituir Ventura no Parlamento durante a campanha para as presidenciais), Nuno Afonso (que era o primeiro e troca de lugar com Amorim, que sobe um degrau na hierarquia) e José Dias (presidente do Sindicato do Pessoal Técnico da PSP) que passa para o quarto lugar. Porque em terceiro aparecia o académico Gabriel Mithá Ribeiro. Em quinto lugar estava o diplomata António Tanger Correia.

Ventura tinha anunciado que, devido ao crescimento do partido, necessitava alargar a equipa de vice-presidentes (mais dois) e de vogais (duplicar de quatro para oito), e também criar os cargos de secretário-geral e secretário-geral-adjunto. 

Na equipa de vogais mantinham-se os dois primeiros - Ricardo Regalla e Lucinda Ribeiro - e saíam Salvador Posser de Andrade e Joaquim Chilrito. E entravam, por ordem, Rita Matias, Pedro Frazão (médico veterinário), Patrícia Sousa Uva (quinta da lista das legislativas por Lisboa), Tiago Sousa Dias (foi candidato da Aliança pelo círculo fora da Europa), Fernando Gonçalves (coordenador do Chega na Madeira) e também um nome a indicar pelo Partido Pró-Vida no âmbito da fusão com o Chega.

Moção e alterações aos estatutos propostas por Ventura aprovadas

Apesar do desaire na direcção nacional, André Ventura conseguiu que os delegados aprovassem, por mais de 90% dos votos, as suas propostas de alteração aos estatutos que implicam um reforço dos seus poderes e um aumento das suas equipas de confiança incluindo as mais polémicas sobre a Juventude Chega e as concelhias. No caso das secções concelhias fica estabelecido que são nomeadas pelas comissões políticas distritais.

As regras agora estipuladas para a Juventude Chega, implicam que a direcção desta (um presidente e seis vogais) seja nomeada pela direcção nacional - e não eleita como alguns pretendiam - para mandatos de três anos, o que significa que uma direcção nacional pode aprovar, durante o seu mandato, dois mandatos da Juventude. A opção por nomeação superior em vez de deixar que a direcção da juventude seja eleita é o instrumento que André Ventura tem para tentar controlar a entrada de activistas extremistas.

É igualmente criada a Comissão Política Nacional, um novo órgão de aconselhamento da direcção nacional em matéria de orientação política geral, e que é composto por “um número indefinido de membros de prestígio da sociedade civil”. Terá um coordenador nacional e será presidida por um dos vice-presidentes em caso de ausência do presidente do partido.

Outras alterações propostas por Ventura que passam a integrar os estatutos são o aumento dos mandatos dos órgãos do partido de três para quatro anos para coincidirem com o prazo das legislaturas; são criados os cargos de secretário-geral e secretário-geral adjunto, que são nomeados pelo presidente; aumenta a direcção nacional de três para cinco vice-presidentes e os vogais de quatro para oito; o presidente do partido passa a ser eleito em directas através do voto de todos os militantes; o conselho de jurisdição nacional cresce de cinco para sete elementos.

Já o ideólogo Diogo Pacheco de Amorim também viu ser aprovada a sua proposta de alteração aos estatutos que cria um gabinete de estudos composto por membros com “valências académicas e científicas, com o objectivo de aconselhar, apoiar e sustentar as posições políticas do partido nas diversas áreas sociais. Também este novo órgão fica sob a alçada da direcção nacional, que nomeia os seus coordenadores.

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