Advogado põe em causa intenção de Rui Pinto denunciar Isabel dos Santos

Rui Costa Pereira, que fez parte da sociedade PLMJ, contraria defesa de denunciante e diz que conteúdos sobre empresária angolana não foram consultados, acreditando que ataque informático teve o Benfica como motivação.

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Rui Gaudencio

O antigo advogado da PLMJ, Rui Costa Pereira, pôs esta quinta-feira em causa a motivação de Rui Pinto no acesso à informação da sociedade de advogados. Na contestação do hacker, é dito que o principal interesse do denunciante pela PLMJ seria a informação sobre a empresária angolana, mas Rui Costa Pereira diz que a informação que constava na caixa de correio electrónico sobre este tema não foi sequer consultada, apontando para o Benfica como o principal motivo para esta invasão, que o Ministério Público imputa a Rui Pinto.

“Tinha umas coisas no email relacionadas com a Isabel dos Santos. Na contestação [de Rui Pinto] foi afirmado que o interesse não era o SL Benfica, mas sim o Luanda Leaks. Mas essa pasta [relativa à empresária] não foi consultada”, explicou o advogado na sessão de julgamento desta quinta-feira. Rui Pinto foi o denunciante no caso Luanda Leaks, que pormenoriza alegados esquemas financeiros de Isabel dos Santos e do marido que lhes terão permitido retirar dinheiro do erário público angolano através de paraísos fiscais.

Para fazer esta afirmação, Rui Costa Pereira tem como base a análise feita pela equipa informática após a exfiltração da informação da sociedade de advogados que também abrangeu Inês Almeida Costa e João Medeiros que, em conjunto com Rui Costa Pereira, trabalhavam na defesa do Benfica.

“É inadmissível que a paixão clubística – porque é disso que se trata leve à publicação de documentos de advogados protegidos por sigilo profissional”, referiu. E, ao contrário de João Medeiros, que testemunhou esta quarta-feira, Rui Costa Pereira não autorizou a exibição da informação que foi retirada do seu computador.

O advogado referiu ainda que um tweet publicado por Rui Pinto lhe terá causado incómodo. “Depois dessa publicação, tenho recebido um chorrilho de insultos e ameaças que nem queira imaginar”, explicou, perante o sorriso e abanar de cabeça de Rui Pinto. A juíza Margarida Alves disse que o tribunal era alheio à situação e que a publicação poderá ter sido feita por Rui Pinto na condição de cidadão e não de arguido. Rui Pinto pôs em causa na passada terça-feira alguns comentários depreciativos feitos pelo advogado no Twitter, considerando “muito lamentável” a linguagem usada por “um ilustre advogado”, referindo-se a Rui Costa Pereira. 

Tal como já tinha sido afirmado na quarta-feira por João Medeiros, antigo colega na PLMJ, Rui Costa Pereira afirmou-se sobressaltado e “em pânico” após as revelações destas informações no blogue Mercado de Benfica.

Na manhã desta quinta-feira começou ainda a ser ouvida Inês Almeida Costa, a terceira advogada da PLMJ na altura dos factos constituída assistente no processo. Tal como Rui Pereira da Costa, como quem partilhava gabinete, referiu a sensação de sobressalto provocado pelas revelações, que ainda não desapareceu por completo. “Tínhamos alguém escondido atrás do anonimato, muito confortavelmente, a publicar o que queria. Era tortura. E depois tínhamos os anúncios, do dia 18. Esta angústia continua ainda, muita gente terá feito o download e não sei quem teve acesso. Tenho informação minha e de terceiros na posse de pessoas que não conheço que podem fazer o que quiserem para sempre”, explicou.

Da parte da tarde está ainda programada a presença do inspector José Amador, da Polícia Judiciária, uma das peças-chave na localização e detenção de Rui Pinto na Hungria em Janeiro de 2019.

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