Pelo menos 67 jovens belgas infectados após férias em Albufeira. Grupo não terá cumprido regras de segurança

Cerca de metade dos jovens participaram numa estadia organizada por um operador turístico, enquanto os restantes alugaram uma casa privada. Responsáveis pela viagem admitiram à DGS que o grupo não respeitou as regras de segurança recomendadas.

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rui gaudencio

Pelo menos 67 jovens belgas, entre os 18 e os 20 anos, estão infectados com covid-19 após terem regressado de férias em Albufeira no início do mês, estando a cumprir isolamento domiciliário na Bélgica, anunciaram esta quarta-feira as autoridades belgas. A notícia foi avançada pelo governador da província da Flandres Ocidental, Carl Decaluwé que, citado pela imprensa belga, refere que os jovens foram infectados nas férias no Algarve entre os dias 2 e 12 de Setembro.

Cerca de metade destes 67 jovens infectados – que têm entre 18 e 20 anos e estão em isolamento domiciliário – participaram numa estadia organizada pelo operador turístico belga Summer Bash, especializado em viagens para jovens entre os 16 e os 24 anos, enquanto os restantes alugaram uma casa privada para as férias. De acordo com Carl Decaluwé, “o número de jovens infectados deverá aumentar”, já que as autoridades belgas ainda não conseguiram rastrear todos os contactos dos que testaram positivo para a covid-19.

Ao todo, foram 130 os jovens belgas que passaram férias na primeira quinzena em Portugal com o operador turístico Summer Bash, tendo a empresa recomendado a realização de testes e de quarentena.

Jovens não terão cumprido regras de segurança em Portugal

Graça Freitas informou esta quarta-feira, na conferência de imprensa sobre a evolução da pandemia em Portugal, que os organizadores das viagens já admitiram que os jovens “não cumpriram as regras de segurança que foram insistentemente preconizadas quer por quem organizou a viagem, quer pelas autoridades portuguesas.”

A directora-geral da Saúde adiantou também que as autoridades de saúde algarvias “vão proceder a uma análise retrospectiva dos acontecimentos” para tentarem detectar o primeiro caso do surto, mas lembrou que este pode ter sido começado devido a “algum jovem belga do grupo grande que se alojou em Albufeira e não ter tido origem em Portugal”.

“Dado o período de incubação da doença e visto que muitas pessoas têm doença assintomática, não quer dizer que tenham contraído a partir de uma pessoa que está residente em Portugal”, disse.

A maioria destes jovens é das cidades de Waregem, Tielt e Roeselare, na Flandres Ocidental, a parte neerlandesa da Bélgica. Entre as autoridades locais belgas, também há quem ache que os jovens não cumpriram todas as regras: “Suspeito que não seguiram totalmente as medidas” restritivas, disse por seu turno o presidente da câmara municipal de Waregem, Kurt Vanryckeghem, também citado pela imprensa belga.

À semelhança da região metropolitana de Lisboa e do norte de Portugal, o Algarve integra a classificação de “zona laranja” no sistema de semáforos do Ministério dos Negócios Estrangeiros belga, o que significa que o rastreio e a quarentena são apenas recomendados no regresso à Bélgica.

As autoridades belgas anunciaram que registaram, em média, 779 contágios por dia na semana de 6 a 12 de Setembro, um aumento de 52% em relação ao período de sete dias anterior, estando previsto para hoje novo balanço. No total, o país já registou 94.795 casos de contágio e 9930 mortes por covid-19 desde o início da pandemia.

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