Orquestra Sem Fronteiras e, agora, com concertos online e um podcast

Abertamente é um dos novos projectos da orquestra que procura fixar jovens músicos no interior do país. O primeiro concerto pós-confinamento vai ocorrer em Almeida, na Guarda, a 3 de Outubro, nos claustros do convento e com transmissão online.

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Teresa Pacheco Miranda

A Orquestra Sem Fronteiras (OSF) criou um podcast, que conta, mensalmente, com personalidades do mundo da música, das artes e da cultura. “Em Setembro de 2020, após o que chegou a parecer ser uma pausa sem fim à vista, e à semelhança de tantas organizações culturais, a Orquestra Sem Fronteiras retoma a sua actividade regular. A paragem forçada serviu-nos para aprofundar a reflexão sobre o que queremos ser e fazer neste espaço-tempo que vivemos. O resultado dessa suspensão, que agora damos a conhecer, é a expansão da nossa organização rumo a uma programação de proximidade, mais espalhada, mais abrangente e, sobretudo, mais diversificada”, explica, em comunicado, o maestro Martim Sousa Tavares.

Em Abertamente, Diogo Costa vai conduzir conversas em que se fala de tudo abertamente e se ouve de mente aberta, ou vice-versa.

Já o primeiro concerto pós-confinamento vai ocorrer em Almeida, na Guarda, no dia 3 de Outubro, pelas 21h, nos claustros do convento. O concerto com ensemble de metais, tem no programa música de Beethoven, Humperdinck, Dvorák, Rimsky-Korsakov, Janácek e João Gaspar (estreia mundial), incluindo ainda transmissão online em directo. A 8 de Novembro, a orquestra tem agendado um concerto em Madrid. 

“O primeiro desafio que enfrentamos é a escolha de repertórios adequados ao espaçamento em palco, evitando aglomerar músicos e cumprindo as boas práticas de saúde pública. A resposta, é claro, é que vamos tocar com a orquestra mais reduzida, e por essa razão tão cedo não regressaremos aos concertos sinfónicos”, sustenta Martim Sousa Tavares.

Adianta que seria fácil passar um ano a simplesmente tocar a excelente música escrita entre 1720 e 1770, com 20 músicos de cada vez: “Mas, isso não nos interessa, porque igualmente importante é o compromisso que assumimos com uma programação estimulante, diversificada, curiosa e inclusiva”, defende. Para isso, a OSF assumiu o compromisso de incluir reportórios e compositores representados, acrescentam, em comunicado.

O maestro explica que a OSF quer continuar o apoio ao talento jovem e, mais que nunca, defender o ecossistema sociocultural do interior nacional, minimizando os impactos e perdas da crise da covid-19.

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O maestro Martim Sousa Tavares Teresa Pacheco Miranda

“Nesse sentido, a Orquestra Sem Fronteiras desdobra-se em mais do que apenas concertos. Para além destes, e que continuarão a ser gratuitos, mantemos a aposta em formações e masterclasses, mas apresentamos dois ciclos novos que permitirão expandir o alcance da nossa missão: Terra a Terra, uma iniciativa incubadora de empreendedorismo comunitário através da música, e um programa para agrupamentos de música de câmara em residência”, conclui.

A OSF é um projecto inovador na Península Ibérica, nomeadamente no contexto raiano, e tem como objectivo proporcionar oportunidades a jovens músicos que pretendam fixar-se no interior para desenvolver a sua actividade profissional, sem que tenham de deslocar-se para os grandes centros urbanos ou para o estrangeiro.

O projecto conta com o apoio de mecenas e parceiros privados, de autarquias e dos ministérios da Educação e da Cultura, assim como do Ministério da Economia, através da Secretaria de Estado da Valorização do Interior.

A sua estreia ocorreu no dia 22 de Março de 2019, com um concerto no Centro Cultural Raiano, em Idanha-a-Nova, vila do distrito de Castelo Branco onde tem a sua sede.

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