Ventura legitima liderança com “mais de 99% dos votos”

André Ventura foi reeleito com “mais de 99%” dos votos dos militantes do Chega, anunciou o próprio na sua página de Facebook.

Foto
Nuno Ferreira Santos

André Ventura foi reeleito este sábado presidente da direcção nacional do Chega em eleições directas, cinco meses depois de se ter demitido da liderança por estar “farto e cansado” de sentir que o seu trabalho é boicotado por gente do próprio partido. André Ventura foi eleito com “mais de 99%" dos votos, conforme afirmou o próprio num directo do Facebook. Foram, na verdade, “cerca de 99,1%” dos votos, conforme anunciou Luís Filipe Graça, presidente da mesa da convenção do partido, também no Facebook.

“Não é todos os dias que o líder de um partido” com assento parlamentar “consegue uma percentagem acima dos 99% para a reeleição”, começou por afirmar André Ventura. “Isso é algo que nos deve orgulhar a todos”, considerou, pois marca uma “nova fase no partido”. 

“Acredito que a partir de hoje começa uma nova fase no Chega: um líder, um partido, um destino: o Governo de Portugal.” E o destino — ou pelo menos, o objectivo — passa por chegar a ser a “terceira força política” nas próximas eleições legislativas, marcadas para 2023, atirando o Bloco de Esquerda e PCP para os lugares de “quarta e quinta forças políticas”, afirmou, de forma peremptória, o líder do Chega. Mas Ventura tem, também, outras eleições em mente. 

Ao ser reeleito presidente do partido a quatro meses das eleições presidenciais, Ventura reforça a sua liderança, ficando com mais legitimidade para os desafios que tem pela frente, já em Janeiro, altura em que vai disputar as eleições presidenciais. O recém-reeleito líder do Chega oficializa o mandato na Convenção Nacional do Chega​, que vai acontecer nos dias 19 e 20 de Setembro, em Évora.

“Ao confiarem em mim os militantes não confiam no homem que aqui está, confiam num projecto que temos para o país, de uma mudança fundamental que se materializará no projecto de revisão constitucional que vai dar entrada já em Setembro na Assembleia da República​”, afirmou Ventura.

Questionado sobre a falta de opositores — foi candidato único — Ventura preferiu olhar para a unidade do partido, que “não reconhece clivagens face ao projecto de liderança”. “Qualquer militante poderia ter apresentado a sua candidatura”, lembra. 

Para além da eleição do líder, estas eleições serviram também para referendar a pena de morte para crimes muito graves. O presidente do partido populista de direita já disse que era contra a reintrodução da pena de morte, basta-lhe a prisão perpétua, que quer levar a plenário no âmbito da revisão constitucional que propõe. Durante o directo no Facebook, André Ventura diz ter “tomado conhecimento dos resultados” do referendo — 56% dos militantes do Chega votaram “não" e 44% votaram “sim" —, salientando o debate que aconteceu no partido sobre um dos “temas mais fracturantes que já tivemos em Portugal”.

A pergunta que foi referendada foi: “Concorda com a aplicação da pena de morte em casos de terrorismo, homicídio qualificado, abuso sexual de menores ou violação, quando decorram em contexto de especial perversidade ou censurabilidade, a definir em lei especial?”.

Nestas eleições os militantes votaram apenas para a liderança do partido, mantendo-se os restantes órgãos em funções, visto que a demissão que correu em Abril foi apenas a da direcção nacional. A restante direcção nacional será eleita na Convenção Nacional do Chega, marcada para os dias 19 e 20 de Setembro.

Sugerir correcção