Novo Banco: exposição a grandes devedores era de 3,11 mil milhões em 2019

Os dados divulgados são da responsabilidade do Novo Banco, e o documento não identifica os devedores.

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Miguel Manso

O Novo Banco tinha uma exposição de 3118 milhões de euros a grandes devedores no final de 2019, a que se adicionam 1036 milhões em imparidades e 2828 milhões em outras perdas, segundo um reporte divulgado esta quinta-feira.

De acordo com um reporte feito ao Banco de Portugal (BdP) pelo Novo Banco e divulgado ontem pelo banco central, em relação a uma exposição original de 7208 milhões de euros a grandes devedores, o Novo Banco estava exposto, em 31 de Dezembro de 2019, a 3118 milhões de euros desses devedores.

A este valor somam-se ainda 1036 milhões de euros constituídos em imparidades por parte do banco liderado por António Ramalho, e ainda 2828 milhões de outras perdas.

Do total de 3118 milhões de euros de exposição no final de 2019, 1305 milhões dizem respeito a devedores de crédito e 1813 a participações em instrumentos de capital, de acordo com o divulgado.

Como as perdas associadas a instrumentos de capital não entram nas contas, de acordo com a norma contabilística IFRS 9, o Banco de Portugal solicitou ao Novo Banco os valores resultantes desses instrumentos, que ascendem a 947 milhões de euros em perdas.

Os dados divulgados são da responsabilidade do Novo Banco, e o documento não identifica os devedores, à semelhança do que aconteceu com os relatórios sobre os grandes devedores da banca conhecido no ano passado.

Segundo o documento, o devedor que gerou mais perdas deve 904 milhões de euros em participações de capital, seguindo-se uma perda de 244 milhões de euros gerada por um grande devedor.

De acordo com o documento, 31 devedores ainda tinham uma exposição ao Novo Banco em 2019, o que compara com 43 na exposição original.

A disponibilização da informação vem na sequência do cumprimento da lei 15/2019, que obriga à divulgação de informação agregada e anonimizada sobre as grandes posições financeiras do Novo Banco, “na sequência do pagamento efectuado pelo Fundo de Resolução ao Novo Banco, no dia 6 de Maio de 2020, ao abrigo e em cumprimento do disposto no Acordo de Capitalização Contingente, celebrado a 18 de Outubro de 2017”, pode ler-se no comunicado do Banco de Portugal.

Um grande devedor do Novo Banco é assim considerado quando há operações que excedem os 43,3 milhões de euros, e pode incluir “diferentes devedores desde que incluídos no mesmo grupo”.

Na terça-feira de madrugada, o Ministério das Finanças disse, em comunicado, que o relatório de auditoria da Deloitte ao Novo Banco revela perdas líquidas de 4042 milhões de euros no Novo Banco (entre 4 de Agosto de 2014, um dia após a resolução do BES, e 31 de Dezembro de 2018) e “descreve um conjunto de insuficiências e deficiências graves” no BES, até 2014, na concessão de crédito e investimento em activos financeiros e imobiliários.

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