Só um em cada três alunos no mundo regressa às aulas no fim do Verão

A estimativa é da UNESCO. Nos Países Baixos, 50 mil alunos faltaram aos primeiros dias de aulas por receio da pandemia de covid-19. Um em cada seis pais em Inglaterra considera “seriamente” não levar os filhos à escola. Na Grécia, o início do ano escolar foi adiado de 7 para 14 de Setembro.

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Preparação do regresso às aulas numa escola em Inglaterra Reuters/CARL RECINE

Apenas um em cada três alunos no mundo irá regressar às salas de aulas no fim do Verão, com dois terços da população estudantil a nível mundial a permanecer “sem escola” devido à actual pandemia de covid-19, alertou esta terça-feira a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).

Num comunicado, a UNESCO, que quis assinalar o novo ano escolar que arrancou esta terça-feira em vários países europeus, refere que o total estimado de crianças e jovens matriculados em todo o mundo, desde a pré-primária até ao secundário, ronda os 1,5 mil milhões de estudantes, dos quais cerca de 900 milhões começam geralmente a escola entre os meses de Agosto e Outubro.

Os restantes estão abrangidos por outros calendários escolares. De acordo com a UNESCO, cerca de 128 milhões de estudantes já regressaram às salas de aulas e outros 433 milhões, em 155 países, devem iniciar o ano escolar nas próximas semanas, o que irá representar um total de 561 milhões de alunos.

Mas, feitas as contas, a UNESCO alerta que cerca de mil milhões de alunos, ou seja, dois terços da população escolar a nível mundial, vão continuar “sem escola ou numa situação de incerteza” devido a constrangimentos associados à pandemia da doença covid-19.

A agência da ONU realça igualmente que as estimativas apontam que “mais de metade dos 900 milhões de alunos que (agora) iniciam o novo ano escolar deverão prosseguir num ensino à distância, de forma total ou parcial”. E, frisou a UNESCO, “a maioria destes alunos e as respectivas famílias ainda estão à espera de indicações claras sobre o que esperar do início do ano lectivo de 2020-2021, a poucas semanas da data programada” do regresso às aulas.

Nos Países Baixos, 50 mil alunos faltam às aulas por receio do vírus

Cerca de 50 mil alunos dos Países Baixos terão faltado aos primeiros dias de aulas por receio da pandemia, segundo estimativas anunciadas no dia em que se concluiu o recomeço faseado das aulas presenciais no país.

De acordo com uma sondagem realizada pela organização educativa Ouders & Onderwijs, cerca de 2% dos alunos não terão regressado à escola e, enquanto a maioria dos pais (61%) estima que o risco de contágio na escola é baixo, outros 11% têm sérias preocupações porque acreditam que o perigo é “demasiado grande”.

A directora da organização, Marieke Boon, explicou que há uma “grande diferença” na forma como as escolas abordam a educação e tratam as crianças que são um grupo de risco da covid-19. Algumas “cooperam bem e são criativas no contexto da educação em casa ou com medidas para que as crianças possam voltar à escola de uma maneira mais adaptada”, mas outras “estão estancadas nesta questão ou não se querem dedicar a isso”.

O ministro da Educação Primária e Secundária, Arie Slob, explicou que tem intenção de “evitar o encerramento” de todas as escolas a nível nacional em caso de uma nova vaga de contágios e assegurou que se vai concentrar em fechar escolas a nível local ou regional, se for necessário, ou “tomando medidas adicionais em alguns locais”.

O regresso às aulas nos Países Baixos começou sem um guia claro das medidas que se devem aplicar, o que levou várias escolas a exigir o uso de máscaras nas salas ou apenas nos corredores. Outras seguem a política nacional, que descarta o uso dessa medida, porque o Governo central considera que “as máscaras não são uma mais-valia, nem são necessárias”, apesar de os alunos também não manterem o distanciamento social.

Um em cada seis pais em Inglaterra considera “seriamente” não levar os filhos à escola

Em Inglaterra, um em cada seis pais está a “considerar seriamente” manter os filhos fora da escola, revela uma sondagem citada pelo diário The Telegraph. Cerca de quatro em cada dez escolas inglesas reabriram esta terça-feira e as restantes reabrem até ao início da próxima semana.

De acordo com o inquérito, entre os pais que consideram “seriamente” não levar os filhos à escola em Setembro (17%), há 11% que estão a considerar essa opção “bastante seriamente” e 6% “muito seriamente”.

Nick Gibb, responsável britânico pela área da educação, salientou que “a escola é obrigatória” no país. “As multas têm sido sempre o último recurso para os directores das escolas, mas é um último recurso, uma ferramenta que têm para garantir que os jovens frequentam a escola”, alertou em declarações à Sky News.

Grécia adia início do ano escolar em todo o país

O início do ano escolar na Grécia foi adiado em uma semana, para 14 de Setembro, “com medidas de higiene rigorosas”, anunciou esta terça-feira a ministra grega da Educação, Niki Kerameus, numa conferência de imprensa.

“Todas as turmas de todo o país vão voltar às aulas no dia 14 de Setembro, um tempo que é necessário já que nem todas as pessoas voltaram ainda das férias”, afirmou a ministra. O início do ano lectivo estava inicialmente previsto para 7 de Setembro.

As máscaras serão obrigatórias para alunos e professores em todas as classes e “distribuídas gratuitamente a todas as escolas públicas e privadas”, disse Niki Kerameus. Cerca de cinco milhões de máscaras de tecido serão distribuídas a alunos e professores.

Para evitar a propagação do vírus, todos os alunos do país receberão uma garrafa de água. Também serão colocados recipientes de álcool em gel em todos os estabelecimentos, que serão desinfectados regularmente.

As viagens escolares e seminários estão cancelados e os intervalos escolares serão organizados de forma escalonada para que as turmas não estejam todas ao mesmo tempo no pátio.

O horário das creches e escolas primárias será estendido para evitar que os avós cuidem das crianças à tarde, como é tradição grega. Testes aleatórios de covid-19 também podem ser realizados em determinados estabelecimentos, especificou ainda a ministra da Educação.

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