China e Rússia usam vacinas experimentais da covid-19 em profissionais de saúde e professores

Militares, profissionais de saúde, professores e os que estão envolvidos na prevenção da doença estão a ser vacinados em ambos os países, apesar de ainda não se conhecerem resultados dos ensaios clínicos.

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Russian Direct Investment Fund/REUTERS

As autoridades chinesas já começaram a distribuir a vacina contra a covid-19 por profissionais de sectores de “risco elevado”, incluindo trabalhadores de saúde, apesar de a última fase de ensaios clínicos ainda não ter terminado.

Desde o final de Julho que a vacina desenvolvida pela empresa Sinopharm tem sido administrada a profissionais de saúde, trabalhadores envolvidos em esquemas de prevenção da propagação do novo coronavírus e funcionários dos postos fronteiriços e aduaneiros, revelou o director do Centro de Desenvolvimento de Ciência e Tecnologia da Comissão Nacional de Saúde, Zheng Zhongwei, em declarações ao canal estatal CCTV2.

O objectivo desta campanha de vacinação inicial – cujo alcance não foi revelado em termos numéricos – é criar uma “barreira de imunidade”, explicou Zheng. “Assim que criarmos uma barreira de imunidade para o pessoal médico, os trabalhadores envolvidos nas operações básicas da cidade, como no mercado, transporte e algumas indústrias de serviços”, passam a poder receber a vacina, disse o responsável, citado pela CNN.

Em Junho, outra vacina desenvolvida por outra empresa chinesa já tinha sido aprovada para ser usada em militares.

A vacina da Sinopharm ainda não cumpriu todas as etapas de ensaios clínicos requeridas para que seja administrada de forma segura. Actualmente, a vacina está a ser distribuída em alguns países como Marrocos, Brasil, Argentina e Emirados Árabes Unidos, no âmbito da Fase 3 – a última que antecede a distribuição em massa.

Receios na Rússia

Na Rússia, onde o número de casos de covid-19 está a chegar ao milhão, também se está a avançar a todo o vapor na difusão da vacina Sputnik V, apresentada pelo Kremlin como a primeira capaz de combater a covid-19, embora não tenha ainda cumprido a Fase 3 dos ensaios clínicos. O ministro da Saúde, Mikhail Murashko, anunciou que a partir de Setembro a vacina será distribuída em larga escala.

Em Outubro, o Governo prevê iniciar uma campanha de vacinação voluntária, com destaque para os profissionais de saúde e professores. De acordo com o Kremlin, há mais de mil milhões de doses pedidas da Sputnik V e entre Novembro e Dezembro a capacidade de produção deverá atingir o ponto máximo.

A Organização Mundial de Saúde repetiu nesta segunda-feira que “as autorizações de emergência para o uso de vacinas da covid-19 exige muita reflexão e seriedade” - isto em resposta a um anúncio dos Estados Unidos de que poderia fazê-lo com algumas das vacinas agora em ensaio.

Mas esta pressa em disponibilizar vacinas desperta receios. Um pequeno sindicato de professores russos disse aos seus membros que não tomem a vacina - levantou o temor de que se venha a tornar obrigatória para os professores, relata a Reuters. O Governo russo insiste que a campanha será voluntária – ao contrário dos militares, que serão imunizados com vacina russa contra a covid-19. No entanto, o sindicato Uchitel (“professor”) diz recear a pressão das direcções escolares sobre os professores para que adiram à campanha.

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