StayAway Covid. Aplicação de rastreio chega às lojas online este fim-de-semana

A app portuguesa vai aparecer nas lojas online da Apple e do Google durante o fim-de-semana. O objectivo é ajudar a travar a propagação da covid-19 em Portugal.

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A app StayAway Covid avisa as pessoas se estiveram a menos de dois metros de alguém diagnosticado com covid-19 Valentyn Ogirenko/Reuters

A aplicação portuguesa para ajudar a travar a covid-19 deve chegar às lojas online da Apple e da Google sábado ou domingo. O lançamento oficial da StayAway Covid ― que está a ser anunciada há cinco meses ― será feito no começo da próxima semana, no Porto, numa sessão com o primeiro-ministro, António Costa.

 “O processo tem sido aos solavancos”, admite ao PÚBLICO José Manuel Mendonça, presidente do Instituto de Engenharia de Sistemas de Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC), que está a coordenar o desenvolvimento da aplicação desde Março. 

Depois de criar a app, foi preciso submetê-la a uma avaliação de impacto pela Comissão Nacional de Protecção de Dados, passar pelos testes do Centro Nacional de Cibersegurança, conseguir a aprovação da Apple e da Google para que a disponibilizem nas suas lojas online e começar os testes-piloto. A luz verde da Apple demorou mais de um mês a chegar. Agora, é preciso convencer as pessoas a instalar a app.

“Está quase. O lançamento oficial será no começo da próxima semana, mas a aplicação deve ficar disponível nas lojas online ainda durante o fim-de-semana e nós esperamos uma boa adesão”, partilhou Mendonça, horas depois de a ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva, confirmar, em Conselho de Ministros, que a aplicação está pronta.

A 14 de Agosto, 1.850 pessoas estavam registadas para experimentar o piloto da aplicação (foram enviados 10.268 convites). O presidente do INESC TEC descreve os números como “muito bons”. ​“O processo não era directo”, justifica. “Era preciso instalar uma aplicação de teste de aplicações para experimentar a StayAway Covid. A maioria dos contactos que recebemos eram dúvidas sobre como instalar a aplicação de teste.”

Mendonça acrescenta que as dúvidas sobre a segurança da aplicação desapareceram quando as pessoas perceberam que não era preciso partilharem quaisquer dados pessoais para a usar. “A verdade é que a app não usa quaisquer dados pessoais”, sublinha o presidente do INESC TEC.

É “cedo” para falar em eficácia

O objectivo da StayAway Covid é complementar o processo de rastreio de contactos tradicional no qual os profissionais de saúde entrevistam pessoas recentemente diagnosticadas com covid-19 para perceberem os locais por onde passaram e as pessoas com quem estiveram em contacto próximo. A ideia é que pessoas que usem um telemóvel com a aplicação instalada possam activar o envio de um alerta anónimo aos aparelhos móveis com que estiveram em contacto próximo (menos de dois metros e mais de 15 minutos) se forem diagnosticadas com covid-19 por um médico.

“Quantas mais pessoas instalarem melhor, mas os números de downloads não são tudo”, sublinha Mendonça. “Na Europa, a adesão deste tipo de aplicações tem sido entre 5% e 8% em alguns países, mas o que interessa não é só quantas pessoas instalam: é quantas pessoas potencialmente infectadas com covid-19 são atempadamente avisadas.”

Para Mendonça, ainda é cedo para se falar em eficácia. “Primeiro é preciso que os países desenvolvam as aplicações, depois que as pessoas as instalem. E só depois é que se pode perceber quantas pessoas diagnosticadas com covid-19 foram detectadas através da app”, explica José Manuel Mendonça. “Obviamente se um país tem a pandemia controlada, a aplicação vai ser pouco relevante. Isso é bom”, frisa o presidente do INESC TEC. “Espero que em Portugal as pessoas consigam ver que a app pode ser uma ferramenta para ajudar a conter o contágio da covid-19.”

Actualizado com números sobre os testes piloto. 

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