Novas regras para uma Feira do Livro de Lisboa “mais arejada”

Apesar do desafio que foi para a APEL organizar uma edição em tempos de covid-19, “há muita expectativa e muito ânimo” para que o maior evento lisboeta dedicado ao livro corra bem.

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NUNO FERREIRA SANTOS

Num ano especial, medidas especiais. A experiência de ida à Feira do Livro de Lisboa, nesta que é a sua 90.ª edição, a decorrer no Parque Eduardo VII desta quinta-feira até 13 de Setembro, vai ser diferente da habitual. Quando lá chegar, o visitante vai encontrar quatro entradas, duas na parte sul e duas na parte norte, com sinalética e marcação do sítio por onde se deve entrar e por onde se deve sair.

Além de ser obrigatório o uso de máscara, quer para os visitantes quer para expositores e trabalhadores da feira, espere encontrar no espaço baias e fitas, o staff da Associação de Editores e Livreiros (APEL)  que em conjunto com a Câmara Municipal de Lisboa organiza o evento , e seguranças. “Vamos estar a contar permanentemente as pessoas, a controlar as entradas através de uma equipa de segurança contratada para o efeito”, explica o secretário-geral da APEL, Bruno Pires Pacheco. Mas só quando estiver a ser atingido um número muito próximo da lotação máxima da feira, 3300 pessoas em simultâneo num espaço de 22 mil metros quadrados, a entrada passará a ser barrada. “Será uma entrada contabilizada, mas livre”, resume Bruno Pires Pacheco, estimando que os momentos em que será necessário aguardar acontecerão, a julgar pela experiência de anos anteriores, aos sábados, domingos e eventualmente às sextas-feiras.

Nas entradas e um pouco por todo o recinto, nomeadamente nos pavilhões dos expositores, haverá dispensadores de álcool gel. “As pessoas vão encontrar uma feira mais ‘arejada’, com alamedas mais amplas, um espaço pensado para obter circuitos de circulação mais fluidos”, como avisava João Alvim, presidente da APEL, no comunicado de imprensa.

Outra das mudanças é a existência de três auditórios, todos ao ar livre e com lugares sentados (dois com capacidade para 24 pessoas e outro com capacidade para 48). Toda a programação da feira acontecerá nestes três espaços. À parte, as sessões de autógrafos terão lugar no espaço do editor respectivo ou, no caso dos autores que geram mais filas, nas quatro praças – verde, azul, amarela e laranja – que servirão exclusivamente para isso. “Terão sombra, mas não terão cadeiras”, diz Bruno Pires Pacheco. Quando estiverem desocupadas serão um espaço aberto, uma zona de descompressão.

NUNO FERREIRA SANTOS
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“Todos os equipamentos considerados não essenciais foram retirados”, diz ainda o secretário-geral da APEL. Nesse grupo incluem-se sala vip, exposições, pavilhão de informações, fraldário, alguns ATM e vários espaços de restauração (foram privilegiados os formatos que promovem o consumo on the go), para que a área circulável fosse maximizada.

Dois mil eventos

Assumindo uma quebra no número de stands dos editores em relação ao ano passado, em que eram 325, Bruno Pires Pacheco sublinha que mesmo em contexto pandémico esta edição supera a de 2018 em número de pavilhões (310), igualando-a em participantes (117) e aumentando as marcas editoriais ou chancelas presentes (638). A indicação da APEL é que os expositores tentem não ter mais do que quatro a cinco pessoas a consultarem livros nos seus stands. “Há um elã muito favorável. Tenho estado na feira nos últimos dois dias e há muita expectativa, muito ânimo para que isto corra bem”, acrescenta.

A programação deste ano, que tem cerca de dois mil eventos previstos (incluindo as sessões de autógrafos), conta com os parceiros habituais. Entre eles estão as BLX, Bibliotecas Municipais de Lisboa, com sessões dedicadas ao público infantil, como a hora do conto. Viram o seu espaço ampliado, mas terão menos iniciativas, para as quais não serão convidadas escolas, como era habitual.

A Fundação Francisco Manuel dos Santos, por seu turno, promove 15 debates sobre temas fracturantes da sociedade portuguesa que têm como ponto de partida os livros da sua colecção de ensaios, que cumpre em 2020 dez anos. Já a Santa Casa da Misericórdia está encarregada dos concertos, que irão do saxofonista Mark Cain até Matay ou ao projecto GEO.

Por sua vez, o grupo Leya tem já agendadas sessões como a que juntará Lídia Jorge, Rodrigo Guedes de Carvalho e Nuno Rogeiro numa conversa moderada por João Morales subordinada ao tema “Este Mundo Anda Perigoso?” (6 de Setembro, 18h) ou, já neste sábado (29 de Agosto, 18h30) a apresentação do livro infantil Noa, de Susana Cardoso Ferreira, ilustrado por Raquel Costa.

Na Penguin Random House Portugal, os leitores poderão encontrar já este sábado João Tordo (15h30) e Miguel Araújo (17h30) a apresentarem novos livros, Manual de sobrevivência de um escritor ​e Seja o que for, respectivamente.

No grupo Porto Editora, durante o fim-de-semana haverá sessões de autógrafos de Eduardo Madeira, Inês Meneses, José Luís Peixoto, Ricardo Dias Felner, Ricardo Fonseca Mota, Richard Zimler, Rui Miguel Tovar, Rui Zink, Paula Delecave e Rúben Pacheco Pereira. A editora avisa da impossibilidade de os autores autografarem livros não adquiridos no respectivo dia.

Também no sábado, a Tinta-da-China organiza lança Balada para Sophie, a nova BD de Filipe Melo e de Juan Cavia (16h15), e, mais tarde, Errático, livro de poesia de Rosa Oliveira, com a presença de Joana Matos Frias e Pedro Mexia (18h15). No domingo, Dulce Maria Cardoso e Daniel Blaufuks estarão a dar autógrafos às 17h (este evento foi entretanto cancelado).

Os horários da Feira do Livro de Lisboa mantêm-se: de segunda a quinta-feira das 12h30 às 22h; sexta-feira das 12h30 às 0h; sábado das 11h às 0h e domingo das 11h às 22h. E a Hora H continua tal como habitualmente com os descontos mínimos de 50% em livros lançados há mais de 18 meses, funcionando entre segunda e quinta-feira, na última hora da feira, ou seja, entre as 21h e as 22h.

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