Proença de Carvalho sai da Global Media. José Pedro Soeiro assume a presidência

Depois de dois mandatos, Daniel Proença de Carvalho deixa o grupo devido à “idade e à vontade de me dedicar a alguns projectos pessoais”. O sucessor, José Pedro Soeiro, detém 24,5% do grupo.

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Proença de Carvalho, advogado, foi também ministro da Comunicação Social em 1978 e presidente da RTP em 1980 LUSA/MÁRIO CRUZ

Daniel Proença de Carvalho sai da presidência da Global Media, na sequência do fim do seu mandato, e o administrador não executivo e accionista José Pedro Soeiro assume o cargo, disse esta quinta-feira à Lusa fonte ligada ao processo.

Proença de Carvalho enviou hoje uma nota interna aos colaboradores do grupo que detém o Diário de Notícias (DN), Jornal de Notícias (JN) e TSF, entre outros títulos, a que a Lusa teve acesso, onde comunica que terminou o seu mandato enquanto presidente do Conselho de Administração do grupo Global Media (GMG).

“Após dois mandatos muito exigentes e aproximando-se a data da eleição para um novo mandato, venho manifestar-vos a minha indisponibilidade para continuar a exercer qualquer cargo na vossa empresa”, refere Proença de Carvalho, numa nota enviada em 11 de Maio aos accionistas e que hoje reproduz na missiva aos colaboradores do grupo.

Com o fim do mandato de Proença de Carvalho, José Pedro Soeiro, que detém 24,5% da GMG, vai assumir a presidência do grupo até à eleição de novo Conselho de Administração.

De acordo com fontes ligadas ao processo, estão a ser “realizadas conversações” para entrada de novos accionistas na Global Media, que irão alterar a actual estrutura accionista. Só após este passo é que será eleito um novo Conselho de Administração.

Entretanto, na nota enviada aos colaboradores, Proença de Carvalho agradece “sentidamente o apoio e solidariedade” que recebeu, “incluindo o desejo para que (...) continuasse para um novo mandato”.

“Como sabem, tomei no ano passado a decisão de por termo à minha actividade profissional e logo então também decidi terminar a minha presença na administração da Global Media, por duas ordens de razões: a idade e a vontade de me dedicar a alguns projectos pessoais”, refere.

“Não quis então renunciar ao cargo no grupo, tendo em conta o processo de profunda reestruturação que temos em curso, processo para cuja superação dei o melhor do meu esforço. Mas agora que o meu mandato termina, nada justificava que aceitasse prolongá-lo”, argumenta o presidente cessante.

Proença de Carvalho agradece aos membros do Conselho de Administração, bem como “a todos os colaboradores” do GMG “a partilha dos princípios que orientaram a acção dos seus meios: servir a comunidade, através de uma informação de rigor e uma opinião pluralista, com respeito pelos valores democráticos, a liberdade, o estado de direito e a defesa e promoção do progresso social”.

“Estou certo de que estes valores, património das marcas do GMG, com uma longa história na imprensa e rádio em Portugal, continuarão a ser preservados no futuro”, sublinha, desejando sucesso ao grupo.

“Creio que esta comunicação exprime o que gostaria de vos dizer neste momento. Que foi um privilégio ter trabalhado convosco na continuidade de um projecto pautado pelos melhores valores do jornalismo, num momento muito exigente, de profundas alterações no sector, a que procurámos dar resposta”, conclui.

A actual composição accionista da Global Media, conforme consta no seu site, é a seguinte: KNJ Global Holdings Limited (35,25%), José Pedro Carvalho Reis Soeiro (24,5%), Olivemedia (19,25%), Novo Banco (10,5%) e Grandes Notícias (10,5%).

Aquando da concretização da entrada do empresário de Macau Kevin Ho, através da KNJ Investment, na Global Media, em Novembro de 2017, a dona do DN anunciou que os empresários António Mosquito, de Angola, e Luís Montez, português, tinham transmitido as suas participações no grupo a José Pedro Soeiro, empresário e gestor com participação em empresas portuguesas, angolanas e do Reino Unido.

Pós-graduado pelas escolas de gestão do IESE, Wharton e CEIBS de Shangai, José Pedro Soeiro iniciou “a sua carreira profissional na consultoria, especializando-se na criação e reestruturação de empresas, carreira que desenvolveu em vários países emergentes, em particular na América Latina, África e Médio Oriente”, lê-se no site da GMG, onde é referido que “foi sócio da consultora Deloitte até 2006”.

Desde então, “enveredou por uma carreira de empreendedorismo em sectores estruturantes em vários países” e “actualmente, detém e gere participações em vários sectores”, acrescenta a GMG.

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