Havemos de ir a Viana:, o vídeo que exalta a romaria em tempos de agonia

O fado imortalizado por Amália é a base de um vídeo que já se tornou viral na net: 48 artistas, do fado ao hip hop, amadores e profissionais, exaltam Viana, esperam o regresso da Romaria d’ Agonia, cujas festas centenárias, este ano, são mais digitais que de rua devido às medidas anti-covid-19.

Um vídeo que reinterpreta o fado Havemos de ir a Viana, imortalizado por Amália Rodrigues, foi lançado esta quarta-feira nas redes sociais, exaltando as tradições de Viana do Castelo e apelando ao regresso da Romaria d’ Agonia, um trabalho que marca o arranque da edição 2020 das festas que, pela primeira vez em mais de 248 anos, não se realizam no formato habitual, devido à pandemia de covid-19.

As festas, que decorrem até 23, têm este ano um programa limitado em termos de eventos de rua, incluindo várias iniciativas online. O vídeo é uma delas e quer ser “um símbolo das Festas d’ Agonia”, explicou o presidente da Comissão de Festas da Senhora d’ Agonia, António Cruz, citado numa nota enviada à imprensa.

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O tema é “cantado pelas pessoas, de forma natural e genuína, durante a romaria, a qualquer hora e em qualquer lugar. Nada melhor que, num ano tão difícil para todos nós, em que vamos sentir a festa à distância, eternizar um dos seus expoentes maiores de uma forma que nunca tinha sido feita antes”, acrescenta.

Com mais de seis minutos de duração, a iniciativa reúne contributos de 48 artistas e músicos locais, cantores profissionais e amadores, do fado ao hip-hop. O grupo Contraponto, os intérpretes de música popular Augusto Canário e Sons do Minho, os músicos João Gigante, Luís Pinheiro, a banda de gaitas de Cardielos, a tuna de veteranos, a orquestra sinfónica da escola de música da cidade e a actriz Melânia Gomes são alguns dos nomes que participam na iniciativa.

A reinterpretação do poema de Pedro Homem de Mello (1904-1984), que a fadista Amália Rodrigues (1920-1999) celebrizou a partir de 1969 e que a cidade adoptou como uma espécie de hino oficial, inclui o rock e o jazz, num videoclipe realizado pela Comissão de Festas.

O vídeo abre com a Igreja de Nossa Senhora d’ Agonia como pano de fundo e com a padroeira dos pescadores em destaque, e percorre outros lugares icónicos da cidade onde habitualmente decorrem os números emblemáticos da romaria, como a procissão ao mar e ao rio, em honra da santa, e termina com o poema “Volta Romaria”, da autoria de Ricardo Simões, director artístico do Teatro do Noroeste-CDV.

O poema, lido pela atriz Elisabete Pinto, fala da tempestade e do medo, da dúvida e da desgraça, numa alusão à pandemia, e apela também para um regresso à normalidade que permitirá à população abraçar-se “na Senhora d' Agonia”.

A Romaria d’ Agonia, começou em Viana do Castelo mas sem festa nas ruas, embora com a cidade cheia de gente para “sentir” os principais números através do digital, nas palavras do presidente da Câmara.

Há um conjunto de exposições de rua e nos museus e uma missa campal no Campo d’ Agonia, com capacidade para acolher 800 pessoas, sentadas, mas a procissão ao mar e ao rio não se realizará nos moldes habituais, para impedir a aglomeração de pessoas. Simbolicamente, estará na doca a traineira Monsenhor Daniel Machado e, no seu interior, uma imagem da Senhora d’ Agonia.

A tradicional alvorada, que todos os anos anuncia cada um dos dias de festa, só acontecerá a partir de quinta-feira e até domingo. Sem efeito ficou a revista de gigantones e cabeçudos, outro dos principais quadros da romaria.

A Romaria d"Agonia, que decorre este ano entre 20 e 23 de Agosto, é considerada uma das principais festividades do país, remontando as suas origens a uma via-sacra referenciada em documentos do século XV.

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