Desde 1997 que não havia tantos candidatos ao ensino superior

Concurso de acesso às universidades e politécnicos termina a 23 de Agosto, mas o número de candidatos já vai quase nos 55 mil.

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Este ano os exames do secundário só serviram como provas de ingresso no ensino superior Paulo Pimenta

Com o concurso nacional de acesso ainda a quatro dias do fim, o número de candidatos ao ensino superior aproxima-se do de 1997, quando se registou o maior número de candidaturas às universidades e politécnicos públicos dos últimos 24 anos. Nesta quarta-feira, o total de aspirantes a uma vaga ascendia aos 54.733, quando em 1997 o número final na 1.ª fase fora de 54.950.

A avaliar pelo ritmo diário de candidaturas, a fasquia de 1997 poderá ser ultrapassada ainda nesta quinta-feira. E, a confirmar-se, 2020 tornar-se-á o segundo ano com mais candidatos desde que o concurso nacional de acesso se estreou, nos moldes actualmente em vigor, em 1996. Nesse ano houve 68.797 candidaturas.

Esta subida acontece num ano em que, devido à covid-19, os alunos do secundário estiveram quase dois meses sem poder ir à escola, tendo aulas à distância. E também no ano em que os exames funcionaram apenas como provas de ingresso no ensino superior, não contando para a conclusão do ensino secundário como tem sido a norma.

Também por causa da actual pandemia que levou ao adiamento dos exames nacionais, o concurso de acesso iniciou-se um mês mais tarde do que é habitual: a 1.ª fase começou a 7 de Agosto e terminará a 23, um prazo mais curto (menos quatro dias) do que o definido para 2019.

No final da primeira semana do concurso de 2020 já era perceptível que este iria fazer história. Contabilizavam-se então mais 51% de candidatos do que os registados na primeira semana de 2019 (de 27.712 passou-se para 40.983). Agora, por comparação há seis dias, há mais 13.750 candidatos, tendo-se atingido um total de 54.733.

 “Haverá mais candidatos, o que constitui uma enorme satisfação, porque mostra que as famílias reconhecem que o investimento em educação é fundamental”, comentou, em declarações ao PÚBLICO, o presidente da Comissão Nacional de Acesso ao Ensino Superior (CNAES), João Guerreiro, a propósito dos números noticiados no final da primeira semana.

Mais vagas

Entre os factores que estarão a contribuir para este aumento, Guerreiro destacou o facto de, pela primeira vez, os alunos que concluíram o secundário no ensino profissional terem um concurso especial de acesso, tendo 1076 ficado em condições de concorrer por terem tido positiva nos exames regionais que foram criados para o efeito. Por outro lado, desde o ano passado passou a haver mais vagas para os cursos mais disputados, como os ligados às ciências digitais.

No conjunto estão abertas 51.408 vagas no concurso de 2020, o que constitui o maior lote desde 2013, quando foram disponibilizados 51.461 lugares. Aliás, desde 1996 só existiram quatros anos com mais vagas do que em 2020: 2010, 2011, 2012 e 2013. 

Há ainda a destacar o facto de a média dos exames nacionais ter subido cerca de três valores, existindo assim também mais alunos habilitados a concorrer ao superior – o que só é possível com uma nota mínima de 9,5 numa escala de 0 a 20 valores. Mas a subida das notas dos exames deverá também provocar um aumento das médias de ingresso no ensino superior e tornar assim mais difícil a colocação de candidatos nos cursos que escolheram como primeira opção, como têm alertado professores do superior. 

Em 2019 ficaram colocados 44.500 estudantes na 1.ª fase do concurso de acesso. Os resultados deste ano serão conhecidos a 28 de Setembro.   

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