Se está com dificuldades em escolher o que ver, o shuffle play da Netflix escolherá por si
A plataforma de streaming tem neste momento em curso um teste a uma nova função para espectadores indecisos. Se os resultados forem os esperados, a leitura aleatória, bem conhecida dos ouvintes de música, estará prestes a chegar ao universo audiovisual.
Nos tempos áureos do CD, nos anos 1990, encontrávamos nas aparelhagens o botão que disparava uma leitura aleatória das canções, reorganizando os alinhamentos pensados arduamente pelas bandas. Anos mais tarde, já neste século, quando iPods, iTunes e similares reinaram brevemente sobre o planeta, a função de leitura aleatória tornou-se uma fonte de surpresa constante, de reencontros e de redescobertas na discoteca caseira, alvo até de ensaios sobre como estava a mudar a nossa relação com a música. No que ninguém tinha pensado é no que a Netflix anda agora a testar: uma mesma função de reprodução aleatória, mas aplicada a séries e filmes.
A nova função, que surge sob a designação “shuffle play” ou “play something” nos aparelhos dos subscritores Netflix seleccionados para o teste que a empresa tem em curso, escolhe aleatoriamente pelo espectador indeciso uma série, um filme ou um documentário. A aleatoriedade, como seria expectável na era do algoritmo, não é total. Como explicou um representante da Netflix à Variety, a selecção tem como referência as séries e os filmes a que o subscritor assistiu recentemente, bem como o material que este tenha guardado na pasta da sua conta pessoal.
O objectivo, para além de atenuar a ansiedade da escolha, tão comum quando o espectador se encontra perante a vasta oferta disponível neste tipo de plataformas de streaming, é obviamente potenciar títulos a que, de outra forma, os subscritores não acederiam. Neste momento, trata-se apenas de um teste, mas a Netflix, segundo o representante que falou com a Variety, deposita grandes esperanças em que venha a tornar-se uma função permanente.
Este teste surge, aliás, na sequência de um anterior, levado a cabo em 2019 e restrito à aplicação Netflix para telemóveis Android, que aplicava a reprodução aleatória a episódios de programas televisivos. Nesse caso, os resultados não convenceram, abrindo então caminho para esta nova versão, afinada e alargada, do velhinho “shuffle”.