Está a chegar o Queer Fest: música e performance, acção e reflexão

Marcado para 8, 11 e 12 de Setembro na SMUP, na Parede, e na cooperativa artística Penhasco, em Lisboa, acolherá debates, concertos de Fado Bicha, Venga Venga ou Matriarca Paralítica & Maria do Mar e performances de Telma João Santos ou de Sónia Baptista.

Foto
Os Fado Bicha, dupla formada por Tiago Lila e João Caçador, actuam no último dia de festival, dia 12 de Setembro Miguel Manso

O nome, Queer Fest, simples e directo, enuncia desde logo o seu raio de acção. Trata-se, portanto, de um festival que se desenha e que agirá com o universo queer no seu centro. A forma simples e directa com que se apresenta revelará porém, mergulhemos agora na programação, uma realidade ampla, feita de acção e celebração, de pensamento e reflexão, de música e de palavra.

Dividido por três dias, espalhados entre 8 e 12 de Setembro, o Queer Fest acontecerá na Sociedade Musical União Paredense (SMUP), na Parede, e na cooperativa artística Penhasco, na Penha de França, em Lisboa. Chama a palco, entre outros, a releitura queer do universo fadista dos Fado Bicha, o punk de ascendência riot-grrrl das Clementine, a performance hedonista para pista de dança da dupla brasileira Venga Venga, o R&B activista de Herlander ou as performances de Joana D’Água & Luiza Cascon e Telma João Santos ou a arte de palco, em formato vídeo, dos actores e encenadores Tiago Bôto e Wagner Borges. A direcção artística é partilhada entre o crítico musical e editor do portal Jazz.pt Rui Eduardo Paes e a violinista Maria do Mar, de formação clássica e que tem desenvolvido amplo trabalho na área da música improvisada.

“Quando o regresso do fascismo se declara por meio de uma escalada, em palavras e actos, da xenofobia, do machismo e da homofobia, não podem a música e as demais artes performativas outra coisa senão reivindicar para si a dimensão interventiva e de protesto que tiveram no passado”. Assim se anuncia o Queer Fest no texto de apresentação divulgado à imprensa. Programado, nesse contexto, num equilíbrio entre valores estéticos e activistas, o festival pretende ser um espaço de visibilidade e intervenção, protagonizado por “projectos criativos que afirmam o direito à existência e à liberdade dos seus autores no que respeita à orientação sexual e à identidade de género”. Serão muitas vozes dando corpo e voz a causas que, defendem os organizadores, são obrigatoriamente comuns: “A perspectiva é interseccional, porque a luta do movimento queer é também a luta das mulheres, a luta contra o racismo, as lutas por melhores condições de habitação e trabalho, a luta pelo ambiente”.

O festival arranca a 8 de Setembro, na Penhasco, com Tiago Bôto e Wagner Borges e performances de Telma João Santos e de Joana D’Água & Luiza Cascon. O segundo dia, já na SMUP, a 11 de Setembro, tem marcados concertos de Pássaro Macaco, Clementine, Dead Club, Judas e Venga Venga. O Queer Fest terminará no mesmo espaço, dia 12, com performances de Sónia Baptista e de Bruno Cadinha e com concertos de Baby Sura, Matriarca Paralítica & Maria do Mar, Herlander e Fado Bicha.

Além da música e das performances em palco, o Queer Fest acolherá dois debates, ambos com moderação de Maribel Sobreira. O primeiro tem lugar no Penhasco, dia 8 de Setembro, às 18h (“Quando a Arte é Queer”, com André E. Teodósio, Telma João Santos, Tiago Lila, Tiago Bôto, Wagner Borges e Joana D Água); o segundo no último dia de festival, na SMUP, dia 12 de Setembro, às 15h (“O Queer como Interseccionalidade”, com Sónia Baptista, Pê Feijó, Raquel Lima, Salomé Honório, Paula Gil, Raquel Freire e Di Cândido).

Sugerir correcção