Coimbra com projecto de 4,6 milhões para estabilizar margem esquerda do Mondego

Requalificação integra conjunto de intervenções para aproximar a cidade do rio, diz o presidente da câmara.

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As obras no Parque Verde, outra das empreitadas em zonas afectadas por cheias, estão em curso asm ADRIANO MIRANDA

Depois de ter sido desatado o nó processual da empreitada dos muros da margem direita do rio Mondego, a Câmara Municipal de Coimbra (CMC) vai avançar com um uma intervenção para estabilizar a margem oposta. A autarquia terá que investir 4,6 milhões de euros para requalificar esta zona, num projecto que não só abrange os muros entre a ponte-açude e a ponte de Santa Clara (como acontece na margem direita), mas também a Praça da Canção, também na margem esquerda, mais a montante. 

Na reunião que decorreu esta segunda-feira, em Coimbra, os vereadores aprovaram o projecto de execução por unanimidade. Aos jornalistas, o presidente da CMC, Manuel Machado, não quis ainda avançar com um horizonte para o início dos trabalhos. A autarquia vai ainda procurar financiamento comunitário para esta intervenção que prevê ainda trabalhos entre os bares da margem direita e o Pavilhão Centro de Portugal.  “A empreitada tem como objetivo, essencialmente, repor as condições de estabilidade e de controlo de erosão das margens, com a consequente salvaguarda da segurança de pessoas e bens”, anuncia a CMC. 

Manuel Machado afirma que esta intervenção está integrada “numa estratégia desenhada e articulada” para aproximar os cidadãos ao Mondego. “Coimbra viveu demasiados séculos a construir barreiras entre a cidade e o rio. Foi evidenciado que isso não é boa solução”, sublinha, dando como exemplo as sucessivas cheias.  A estabilização dos muros que acompanham o rio no seu trajecto mais urbano está relacionada com a necessidade de mitigar o efeito das cheias. Até 2017, uma das questões que provocava maior debate quando se falava de cheias em Coimbra era o desassoreamento do rio Mondego, na albufeira do açude-ponte. Manuel Machado sempre fez depender a remoção dos inertes do leito do rio de uma intervenção para estabilizar os muros.  

A operação de desassoreamento avançou em Agosto de 2017 e a prioridade foi para os muros da margem direita. A obra chegou a ser consignada por 7,1 milhões de euros, em Outubro de 2018, mas a falência da empresa responsável, a Opway, obrigou a CMC a tomar posse administrativa da empreitada e a lançar novo concurso. A câmara consigna amanhã nova intervenção, desta vez à Alberto Couto Alves, S.A., por 10 milhões de euros. Se tudo correr de acordo com o previsto, a obra deverá estar terminada em 2022.  

Mas esta não é a única intervenção em curso nas margens do Mondego. Nos últimos dias de Julho, foi também lançada a requalificação do Parque Manuel Braga, um jardim do início do século XX, numa obra que ronda os 4,8 milhões de euros. Ao lado, no Parque Verde do Mondego, decorre a obra de reabilitação a adaptação dos estabelecimentos de restauração conhecidos como docas. Severamente afectada pelas cheias de 2016, a estrutura construída em leito de cheia era frequentemente inundada pelo Mondego. 

A solução apresentada pelo atelier de arquitectos que desenhou o edifício foi acrescentar um piso para onde os estabelecimentos possam transferir as respectivas áreas técnicas e continuar a funcionar, mesmo que as águas invadam o rés do chão. Também essa empreitada de um milhão de euros tem conhecido sucessivos atrasos. 

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