Tráfego aéreo em Portugal triplica em Julho. TAP ultrapassada no Porto e Faro

Apesar do aumento, números do último mês representam apenas um terço dos movimentos registados em Julho de 2019. Primeiros dias de Agosto indicam que a recuperação prossegue. No segundo trimestre, a TAP perdeu quota de mercado nos aeroportos nacionais e foi ultrapassada por outras companhias no Porto e em Faro.

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Recuperação "ganhou fôlego" em Julho e os primeiros dias de Agosto indicam que se mantém a tendência crescente RF Rita Franca

O tráfego aéreo em Portugal aumentou no último mês, e os primeiros dias de Agosto apontam para uma continuação desta tendência. O número de movimentos controlados nos aeroportos portugueses triplicou em Julho, mantendo-se assim o movimento crescente que já tinha começado no mês anterior, de acordo com os dados preliminares avançados ao PÚBLICO pela Nav, a empresa responsável pelo espaço aéreo.

Apesar da recuperação face a Junho, o número de movimentos em Julho está muito abaixo do observado em 2019: a Nav controlou 25,6 mil voos no último mês, tendo atingido os 76,9 mil movimentos em Julho de 2019. Esta quebra de 66,7% dá seguimento “a três meses em que a operação esteve cerca de 90% abaixo dos valores do ano anterior” que levaram a uma queda de 54% do tráfego aéreo no primeiro semestre.

Os voos controlados (ou movimentos) incluem os voos com origem e destino em aeroportos portugueses e também aqueles que sobrevoam o espaço aéreo sob responsabilidade portuguesa.

Depois de os primeiros dois meses do ano terem sido em linha com os movimentos geridos pela Nav em 2019, o encerramento e limitação dos espaços aéreos a partir de Março levou a uma quebra de 36% em Março, 94% em Abril, 92% em Maio e 88% em Junho. Ainda assim, a empresa realça que logo a partir de Abril “o tráfego encetou uma recuperação muito tímida”.

“Aos 4018 movimentos de Abril seguiram-se 5408 em Maio, 8537 em Junho e mais de 25 mil em Julho”, o mês em que a recuperação “ganhou algum fôlego”. E Agosto também dá sinais positivos.

“Os números relativos aos primeiros dias de Agosto denotam que a trajectória de recuperação continua com tendência para acelerar.”

TAP perde força nos aeroportos portugueses

 Esta quarta-feira, a Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC) publicou o relatório sobre os movimentos aéreos realizados durante o segundo trimestre nos aeroportos portugueses. A análise, respeitante ao período de 1 Abril a 30 de Junho, dá conta de uma “quebra de tráfego na ordem dos 91% em número de movimentos e de 97,5% em número de passageiros transportados” que se traduz em menos de 388 mil passageiros transportados em 2019 (15 milhões no período homólogo de 2019).

Na contagem das dez companhias aéreas com maior quota de mercado de cada aeroporto, é possível observar uma diminuição da fatia da TAP em todos os aeroportos, ainda que a ritmos diferentes.

No Aeroporto Humberto Delgado, a TAP passou de transportar 56% dos passageiros no primeiro trimestre do ano para 18% de Abril a Junho. Ainda assim, a companhia manteve-se como a companhia com maior quota de mercado em Lisboa, ao contrário do que se verificou no Porto e em Faro.

No Aeroporto Francisco Sá Carneiro, a TAP, que foi a segunda companhia aérea que mais passageiros transportou (19%, atrás dos 36% da Ryanair) no primeiro trimestre, desceu para oitava, com apenas um em cada 20 passageiros que chegam e partem do Porto (5%). No Aeroporto de Faro, que apresentou a maior quebra em número de movimentos (menos 97%), a TAP não chega a aparecer na lista das dez maiores companhias (era a quinta com mais passageiros, com 8%).

Para o presidente da Associação Comercial do Porto (ACP), Nuno Botelho, os dados divulgados pela ANAC não são mais do que a “confirmação” de que a TAP “não presta um serviço ao todo nacional”.

“É uma companhia que está confinada, e o termo é este porque estamos em plena pandemia. A TAP confinou-se ao Aeroporto de Lisboa”, disse ao PÚBLICO Nuno Botelho. “A TAP não é uma companhia de bandeira, é uma companhia do Aeroporto da Portela, é isto que dizemos há muito tempo.”

O presidente da ACP põe em causa a validade da injecção de capital na TAP, considerando o “cada vez maior decréscimo de relevância em todos os aeroportos nacionais em detrimento do aeroporto de Lisboa”, e recusa aceitar a pandemia como justificação. 

“A Air France também teve a pandemia, a KLM , a Swiss, a Lufthansa, todas tiveram a pandemia e todas estão a voar mais para o Porto. Não percebo esse argumento”, observa, acrescentando ainda que, neste momento, “há responsabilidades políticas deste Governo, há justificações a dar”.

No Funchal, a TAP continuou a liderar o transporte de passageiros e aumentou a quota de 26% para 80%, enquanto em Ponta Delgada a percentagem se manteve nos 15%, passando a ser a terceira maior companhia aérea no aeroporto (apenas cinco companhias realizaram voos de passageiros de e para os Açores no segundo trimestre).

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