Covid-19. Número de internados nos cuidados intensivos desce para o nível de Março

Portugal contou, esta segunda-feira, mais 89 recuperados e tem 12.466 casos activos de infecção pelo novo coronavírus, mais 65 do que no domingo. Estão internadas 374 pessoas, das quais 29 nos cuidados intensivos. Para encontrar um número tão baixo de internados nos cuidados intensivos é preciso recuar até Março.

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DIOGO VENTURA

Portugal registou esta segunda-feira mais três mortes e 157 casos de infecção, o que representa um aumento de 0,3%. No total, o país contabiliza 1759 óbitos e 52.825 infecções desde o início da pandemia. Os dados são actualizados diariamente no boletim epidemiológico da Direcção-Geral da Saúde (DGS).

Os dados divulgados pela DGS apontam ainda que 99 novos casos (63%) foram registados na região de Lisboa e Vale do Tejo. Na mesma região, registaram-se as três vítimas mortais.

Recuperaram mais 89 pessoas relativamente ao dia anterior, elevando o total para 38.600. O número de pessoas curadas registado esta segunda-feira é o mais baixo desde 21 de Maio, quando não recuperou ninguém em 24 horas. À data, estão activos 12.466 casos (mais 65 do que no domingo), número obtido depois de se subtrair o número de recuperados e de mortes ao total de infecções.

Estão internadas 374 pessoas (mais oito do que no domingo), das quais 29 em unidades de cuidados intensivos (menos quatro do que dia anterior). É preciso recuar até 20 de Março para encontrar os cuidados intensivos do Serviço Nacional de Saúde tão vazios: nessa altura, estavam apenas internadas nos cuidados intensivos 26 pessoas em todo o SNS.

A faixa etária mais afectada em termos de mortes é a das pessoas com mais de 80 anos, sendo que duas vítimas mortais identificadas esta segunda-feira pertenciam a este grupo de risco e eram os dois do sexo masculino. A terceira vítima mortal identificada tinha entre 60 e 69 anos e era também do sexo masculino.

A zona do país mais afectada pela pandemia continua a ser a região de Lisboa e Vale do Tejo, que tem o maior número acumulado de casos – 27.209 infecções. Segue-se o Norte, com 19.094 casos (mais 45 do que no domingo), o Centro, com 4520 casos, o Algarve, com 931 casos, e o Alentejo com 767 casos. Os Açores contabilizam 181 casos de infecção e a Madeira registou até agora 123.

No entanto, apesar de um menos número total de casos, o Norte é a região com maior número de óbitos. Nesta região, foram registadas 832 vítimas mortais por covid-19. A região de Lisboa e Vale do Tejo registou até esta segunda-feira 620 óbitos.

É ainda nos concelhos da região de Lisboa e Vale do Tejo onde se registaram mais casos durante a semana passada. Desde o dia 3 de Agosto, o concelho de Lisboa registou 129 casos, seguido de Sintra com 76 casos. O único concelho dos dez com mais casos registados na última semana, que não pertence ao distrito de Lisboa, é Vila do Conde (61 casos confirmados desde 3 de Agosto).

Em todo o mundo, de acordo com dados reunidos pela Universidade Johns Hopkins, o novo coronavírus já matou quase 732 mil pessoas e causou mais de 19,8 milhões de infectados.

DGS “não toma decisões políticas, toma decisões técnicas"

O secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, foi questionado esta segunda-feira sobre a realização da Festa do Avante!, e garantiu que “a DGS [Direcção-Geral da Saúde] não toma decisões políticas, toma decisões técnicas”.

“Hoje [segunda-feira] haverá reuniões entre DGS e a entidade promotora, reuniões de carácter técnico, um trabalho conjunto a fazer com grande ponderação, fruto da avaliação do risco da actividade epidémica. Haverá um pressuposto que está garantido: o cumprimento das regras sanitárias e das directrizes da DGS”, afirmou António Lacerda Sales na habitual conferência de imprensa da DGS.

O responsável disse que haverá um documento que servirá de base de trabalho, “sobre o qual deve ser feito um trabalho técnico progressivo para que se possam tomar boas decisões”. “Ainda há questões que não conhecemos como circuitos, número de participantes, que terão de ser discutidos entre a DGS e a entidade promotora para que se possam tomar decisões”, esclareceu.

Sobre a existência de normas comuns para a realização de eventos de massa, como sugeriu esta segunda-feira a Ordem dos Médicos, Lacerda Sales afirmou que o que a “DGS tem feito, e bem, é falar com cada entidade promotora de eventos”, referindo que cada evento tem uma realidade diferente. “Não quer dizer que fruto de evolução não se possa adoptar uma metodologia diferente. Para já a que parece mais acertada e que tem dado bons resultados é avaliação caso a caso e de acordo com evolução epidemiológica. Até prova em contrário, será este o procedimento”, afirmou.

Lares: 545 utentes e 200 profissionais infectados com covid

O país tem 72 estruturas residenciais para idosos (ERPI) com casos activos de SARS-CoV-2, representando 2% do universo total destas instituições, avançou o secretário de Estado da Saúde. “Os lares foram, são e continuam a ser uma preocupação por razões que conhecemos. Temos casos activos em 72 ERPIs, o que representa 2% universo total. Mantém-se a tendência de diminuição, apesar de focos novos. Temos 545 utentes e 200 profissionais positivos nestas instituições”, contabilizou António Lacerda Sales, referindo que vão continuar a trabalhar com estas instituições.

O subdirector-geral da Saúde, Rui Portugal, fez um balanço de dois dos casos mais atenção requerem neste momento. No caso do Lar São José, no Barreiro, 31 de 80 residentes e 14 de 44 profissionais estão positivos e há cinco pessoas internadas. “Nesta quarta-feira serão testadas de novo as pessoas que tiveram testes negativos. Não é certo o momento mais apropriado para a realização de testes. Não basta testar uma vez em alto risco. Têm de se fazer testes com maior sensibilidade. Os testes devem ser pensados casos a caso e em relação ao risco que ocorre”, disse.

Quanto ao Lar de Nossa Senhora da Luz, em Torres Vedras, “dos 80 residentes e 78 funcionários, temos 74 positivos”. Mais um funcionário e mais um residente, em relação ao último balanço. Rui Portugal adiantou que existem 28 pessoas internadas. “Em ambos os casos estão estabilizadas nas unidades de internamento onde colocadas.”

Rui Portugal salientou a necessidade de equipamentos e de formação nestas instituições de forma a que os profissionais protejam os utentes, mas também a comunidade onde estão inseridos e que é fundamental “não baixar a guarda”. “Agora temos resultados melhores, mas os desafios continuam. Podemos estar a pensar que podemos alterar comportamentos e não é verdade. Temos de reforçar”, afirmou.

Questionado sobre uma nova indicação para que se limitem as visitas aos lares, Rui Portugal defendeu que esta é uma questão que deve ser vista caso a caso e de acordo com situação epidemiológica do momento. “Fazem mais sentido avaliações locais do que, neste momento, uma decisão nacional. Não quer dizer situação amanhã seja diferente e tenha de haver medida nesse sentido.”

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