Ministra da Informação do Líbano demite-se

Manal Abdel Samad apontou a explosão em Beirute e as falhas na implementação de reformas como motivos para a demissão. “Peço desculpas aos libaneses, não correspondemos às vossas expectativas”, disse.

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Manal Abdel Samad, ministra da Informação do Líbano Reuters/DALATI NOHRA

A ministra da Informação libanesa, Manal Abdel Samad, anunciou este domingo a demissão do cargo, num breve discurso transmitido pela televisão local, e pediu desculpas aos libaneses pelo “enorme desastre” em Beirute.

Esta é a primeira baixa no Governo libanês após a explosão que provocou pelo menos 158 mortos, 6.000 feridos e dezenas de desaparecidos, e que aconteceu num armazém onde, segundo o primeiro-ministro libanês, Hassan Diab, estavam 2.750 toneladas de nitrato de amónio armazenadas, durante seis anos, “sem medidas cautelares”.

“Após o enorme desastre em Beirute, apresento a minha renúncia [ao cargo] do governo”, disse Abdel Samad, num breve discurso, transmitido pela televisão e citada pela AFP. “Peço desculpas aos libaneses, não correspondemos às vossas expectativas”, acrescentou, justificando a decisão com a falha do governo em fazer as reformas necessárias e com a explosão que abalou a capital libanesa, na terça-feira.

No sábado, milhares de manifestantes libaneses revoltados com a classe política, acusada de corrupção, incompetência e negligência após a explosão, marcharam pelo centro de Beirute e invadiram os ministérios dos Negócios Estrangeiros e da Energia, acabando por ser retirados pelo exército.

Segundo a Cruz Vermelha libanesa, 130 pessoas ficaram feridas nos confrontos entre a polícia e os manifestantes, 28 das quais tiveram de ser transportadas para o hospital.

Ainda no final da tarde de sábado, num discurso difundido pela televisão, o primeiro-ministro libanês, Hassan Diab, afirmou que “apenas eleições antecipadas podem permitir uma saída da crise estrutural” e apelou “a todas as partes políticas que se entendam sobre a próxima etapa”, afirmando estar “disposto a continuar a assumir (...) responsabilidades durante dois meses até que cheguem a acordo”.

O chefe do Governo acrescentou que vai submeter na segunda-feira a sua proposta ao Conselho de Ministros.

Este domingo, realiza-se uma videoconferência de doadores para o Líbano, co-organizada pelas Nações Unidas e pela França.

A explosão no porto de Beirute criou uma cratera com 43 metros de profundidade, segundo avaliações feitas por especialistas franceses em pirotecnia enviados para o local, e reveladas este domingo por fonte da segurança libanesa.

França ofereceu apoio logístico ao Líbano, incluindo para a investigação à explosão, e enviou forças de segurança, equipas de busca e ajuda médica.

O American Institute of Geophysics (USGS), com sede na Virgínia, revelou ter registado a explosão como um terramoto 3,3 na escala Richter.

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