Há bocados de plástico a dar à costa nas praias de Ílhavo, denuncia movimento

Elementos do Não Lixes têm vindo a recolher resíduos que suspeitam serem provenientes de uma intervenção no Porto de Aveiro. Administração portuária afasta essa possibilidade.

ministerio-ambiente,ilhavo,local,aveiro,ambiente,praias,
Fotogaleria
ministerio-ambiente,ilhavo,local,aveiro,ambiente,praias,
Fotogaleria
Materiais usados nas obras do porto

Nas últimas semanas, os elementos do movimento ambientalista Não Lixes têm-se deparado com inúmeros pedaços de plástico (maioritariamente de cor preta) na água e no areal da praia da Barra, em Ílhavo. A situação já foi denunciada junto de várias entidades e, segundo garante o porta-voz do movimento, Fernando Jorge Paiva, também foi detectada na vizinha praia da Costa Nova e na Vagueira (esta última em Vagos). Os elementos do Não Lixes desconfiam que o problema ambiental esteja relacionado com a empreitada de retirada de areias do Porto de Aveiro - e consequente recarga artificial na frente marítima entre a Costa Nova e a Vagueira. A administração portuária afasta esse cenário, garantindo que em nenhuma fase do processo foi usado material idêntico ao que está a dar à costa.

A recolha de plástico da areia e do mar já se arrasta há um mês e é precisamente por conta do timing que Fernando Jorge Paiva relaciona o acidente com a empreitada das areias do porto. “Foi quando as dragas começaram a vir depositar a areia ao mar que o plástico começou a aparecer”, repara, mostrando-se indignado com a falta de actuação por parte das autoridades competentes e às quais deu nota da situação. “Ando a dedicar parte do meu tempo a ir às escolas, a sensibilizar as crianças e os jovens para o problema do plástico nos oceanos, e depois há entidades que não têm cuidado com os resíduos”, lamenta.

Contactada pelo PÚBLICO, a presidente do conselho de administração do Porto de Aveiro, Fátima Alves, assegurou que o material que tem vindo a ser encontrado na praia é muito diferente do que foi usado para reter os inertes enquanto estiveram depositados na área portuária – depois de várias queixas da população da Gafanha da Nazaré, o porto teve que encontrar uma solução para segurar as areias. “As imagens o que mostram são plásticos e aqui no Porto de Aveiro o que tínhamos eram telas em ‘tecido não tecido’, e de cor branca”, sustenta a administradora. Fátima Alves garantiu ainda que, no âmbito da obra, a tela foi toda recolhida e está ainda nas instalações portuárias.

A administradora portuária afasta, assim, a possibilidade de aqueles resíduos serem originários da intervenção que desmontou a duna artificial que se encontrava no porto, ao mesmo tempo que pretende ajudar a defender a linha de costa – a areia está a ser depositada no mar. Tanto mais porque, acrescenta Fátima Alves, “todas as areias submersas e depois retiradas pela draga; se estivessem lá aquelas telas a draga pararia, porque não sugava”. Ainda assim, o Porto de Aveiro, “através do departamento de ambiente, continuará a acompanhar a situação”, juntamente com a Agência Portuguesa do Ambiente (APA).

Ao PÚBLICO, a APA confirmou as explicações dadas pela administração do Porto de Aveiro, asseverando que “à data de início dos trabalhos, não existia nenhuma lona de plástico a cobrir parte daquele depósito, mas sim um geotêxtil, que foi previamente retirado”. Material esse que, acrescenta fonte daquele organismo, “ainda se encontra em stock provisório na zona da obra será posteriormente encaminhado para vazadouro controlado e devidamente autorizado”.

A agência faz ainda saber que os trabalhos da empreitada encontram-se a ser devidamente acompanhados por uma firma de fiscalização contratada (PROPOR, S.A.), para além da própria administração do porto e APA. E reitera que, “aquando da descarga na darsena/bacia/doca dos sedimentos provenientes do depósito, não se verifica a existência de qualquer plástico nestes sedimentos nem à deriva na água”.

Sugerir correcção