Covid-19: Andrea Bocelli critica governo italiano e apela à desobediência

O tenor Andrea Bocelli deixou a Itália surpreendida depois dos comentários proferidos numa conferência no Senado italiano. Diz ter-se sentido “humilhado e ofendido” por não ter podido sair de casa devido ao confinamento obrigatório e incentiva as pessoas a desobedecerem às regras.

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Andrea Bocelli é um aclamado tenor italiano Reuters/Alex Fraser

Na passada segunda-feira, numa conferência onde estavam presentes líderes da oposição italiana, como Matteo Salvini, do partido de extrema-direita Liga Norte, o tenor Andrea Bocelli teceu críticas controversas ao Governo, referindo que não acreditava que a pandemia era assim tão grave como os políticos faziam parecer, uma vez que ele não conhecia ninguém que tivesse estado nos cuidados intensivos por causa da covid-19. “Para que serviu todo este alarme?”, questionou Bocelli.

“Não podia sair de casa, ainda que não tivesse cometido nenhum crime”, disse o cantor lírico de 61 anos, que confessou ter desobedecido às regras. “Não achei que estivesse certo ou que fosse saudável ficar em casa com a minha idade.” Estes comentários surpreenderam os italianos, depois de Bocelli se ter tornado num símbolo de unidade ao cantar na catedral vazia Duomo di Milano na Páscoa, durante o confinamento.

Mais de 35.000 pessoas morreram na Itália devido ao coronavírus. Ao longo dos últimos três meses, as medidas de segurança têm sido levantadas progressivamente. Contudo, o distanciamento social e a utilização de máscara em espaços públicos fechados continuam em vigor. Bocelli incentivou as pessoas a desobedecerem às medidas. “Vamo-nos recusar a obedecer a esta regra. Vamos ler livros, andar por aí, conhecermo-nos, falar”, disse o tenor.

Massimo Galli, director da Unidade de Doenças Infecciosas do Hospital Luigi Sacco, em Milão, disse à agência de notícias italiana ANSA que a referida conferência projectava uma mensagem “inadequada” e “perigosa”, “sem qualquer base científica”.

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