Elisa Ferreira publica gráficos que diz valerem “mil horas de negociações”

Comissária europeia da Coesão reagiu ao alongar do impasse do Conselho Europeu, durante a madrugada desta segunda-feira, o quarto dia de negociação a 27 Estados-membros para o novo financiamento à recuperação económica na Europa

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daniel rocha

A comissária europeia da Coesão, Elisa Ferreira, reagiu hoje de madrugada ao impasse no Conselho Europeu, publicando no Twitter gráficos numa tentativa de desmistificar a ideia de que os principais contribuintes líquidos fazem o maior sacrifício para o orçamento da UE.

Com a cimeira de líderes consagrada ao plano de relançamento económico da Europa a entrar já no quarto dia sem que haja ainda perspectiva de um acordo, face ao bloqueio dos autodenominados países ‘frugais’ (Países Baixos, Áustria, Suécia e Dinamarca), a comissária portuguesa, responsável pela pasta da Coesão e Reformas, publicou quatro gráficos, acompanhados apenas do comentário de que “um gráfico vale mil horas de negociações”.

Após contacto do PÚBLICO, não foi possível contudo obter comentários adicionais de Elisa Ferreira à sua publicação no Twitter até ao presente momento.

Um gráfico demonstra como “os benefícios do mercado único compensam largamente o custo de contribuir para o orçamento da UE”, outro reúne dados do Eurostat sobre o valor das exportações de cada Estado-membro para outro país da União, um terceiro compara a despesa pública de Alemanha, Holanda, Dinamarca e Suécia com a dimensão do orçamento comunitário, e, por fim, uma quarta tabela revela os países da União onde se trabalha mais horas por semana.

Na análise às tabelas, percebe-se a escolha da comissária portuguesa: os quatro Estados-membros ditos ‘frugais’ são dos países que mais beneficiam com o mercado único, ganhando mais do que aquilo que lhes é pedido que contribuam para o orçamento da União 2021-2027. Há também um dos gráficos em que se vê que os Países Baixos ganharam mais de 400 mil milhões de euros em exportações para outros Estados-membros; outro em que fica patente que a despesa pública na Dinamarca, Suécia e Holanda varia entre os 51,1% do PIB e os 43,3% (o que a Lusa interpreta como uma alusão ao facto destes países considerem excessivo um orçamento plurianual da União acima de 1,07% da riqueza dos 27); e, por fim, que a Grécia encabeça a lista de 10 países onde mais horas se trabalha, e na qual consta também Portugal (e nenhum ‘frugal').

Os chefes de Estado e de Governo continuam reunidos em Bruxelas em busca de um acordo sobre o próximo quadro orçamental para 2021-2027 e o fundo de recuperação, os pilares do plano de relançamento da economia europeia para superar a crise da covid-19, mas, segundo diferentes fontes diplomáticas, os países ‘frugais’, com Holanda e Áustria à cabeça, têm inviabilizado um compromisso, ao reclamar constantemente cortes e aumentos dos seus benefícios.

Este Conselho Europeu teve início na sexta-feira de manhã.

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