Covid-19: cientistas vão estudar vulnerabilidades dos casais na gravidez e no pós-parto

Um dos objectivos é perceber as vulnerabilidades sentidas no contexto da covid-19 pelos casais que vão ser pais pela primeira vez.

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Paulo Pimenta

Investigadores da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto (FPCEUP) vão acompanhar casais, desde o terceiro trimestre de gravidez até ao pós-parto, com o objectivo de perceber as vulnerabilidades sentidas no contexto da covid-19. 

“Surgiu a ideia de olharmos de forma mais atenta para as questões do bem-estar psicológico e emocional, aliadas ao efeito que esta nova realidade da pandemia está a provocar nos casais”, afirmou, em declarações à agência Lusa, Mariana Carrito, do SexLab, um grupo de investigação da FPCEUP.

Com o objectivo de perceber as vulnerabilidades sentidas no contexto da covid-19 pelos casais que vão ser pais pela primeira vez, os investigadores vão, durante os próximos dez meses, caracterizar o acesso aos cuidados de saúde e apoios sociais dados durante a gravidez e o período pós-parto.

“Queremos perceber de que forma é que estes dois factores têm impacto na saúde mental perinatal e após o nascimento”, referiu a investigadora, acrescentando que com o surgimento da pandemia os cuidados disponibilizados às grávidas “sofreram impactos avultados”, como o adiamento de consultas, impedimento de contacto pele a pele com o bebé e a ausência de acompanhante no parto.

Depois de fazerem a caracterização, o grupo de investigação pretende fazer a “detecção precoce das vulnerabilidades específicas” das grávidas e compará-los com os seus parceiros. “A literatura mostra-nos que, muitas das vezes, este tipo de vulnerabilidades pode levar a um maior nível de stress, que, infelizmente, é responsável por uma maior prevalência de depressão pós-parto e que tem impacto na relação com o bebé ou com o companheiro”, salientou Mariana Carrito.

Apesar de já acompanharem alguns casais, os investigadores pretendem, através de questionários, reunir “o maior número de respostas de casais de todo o país”, de forma a avaliar diferentes variáveis relacionadas com a saúde mental. Paralelamente, a equipa vai tentar criar conteúdo multimédia para sensibilizar a população e alertar as políticas públicas para esta “realidade, necessidade e consequências inerentes às vivencias das mulheres grávidas em contexto covid-19”. “É importante que as mulheres grávidas tenham um apoio social forte, que lhes permita fazer frente a estas vulnerabilidades e sentirem-se acompanhadas pela sua comunidade e pelas instituições médicas de que dependem”, disse.

Além de investigadores do SexLab da Faculdade de Psicologia, a equipa integra três elementos do Centro Materno Infantil do Norte. Com um financiamento de 39.995 euros, o projecto é uma das 16 investigações apoiadas pelo programa Gender Research 4 Covid-19 da Fundação para a Ciência e a Tecnologia, uma iniciativa promovida em articulação com a Secretaria de Estado para a Cidadania e a Igualdade.

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