Actividade turística reduzida quase a 0% em Maio

Número de hóspedes e de dormidas registadas no quinto mês do ano quebraram 94,2% e 95,3% face a 12 meses antes. Queda das receitas foi de 97,2%, passando de mais de 390 milhões para 11 milhões de euros num mês

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daniel rocha

O sector do alojamento turístico registou 149,8 mil hóspedes e 307,0 mil dormidas em Maio de 2020, correspondendo a decréscimos de 94,2% e 95,3%, respectivamente, face a igual mês de 2019. Nos dados publicados esta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística, o título do comunicado não podia ser mais claro “actividade turística praticamente parada em Maio”, escreve o INE.

As dormidas de residentes recuaram 85,9% e as de não-residentes decresceram 98,4% durante o período em análise, e face a Maio de 2019.

Maio foi o primeiro mês em que houve desconfinamento, depois do estado de emergência que vigorou em Abril, altura em que as quedas já tinham sido de 97,7% para o número de hóspedes e de 97,4% no número de dormidas. As dormidas de residentes tinham já recuado 93,5% e as de não-residentes 98,9% em Abril, face ao mês homólogo de 2019.

Proveitos de 11 milhões de euros num mês

Os proveitos totais resvalaram 97,2% (já tinham caído, em termos homólogos, 98,5% em Abril), fixando-se em 11,02 milhões de euros, para todo o país. Para se ter ideia do que é que isto representa, em Maio de 2019, o mesmo indicador de proveitos totais registados nos estabelecimentos de alojamentos turístico tinha sido de 397,8 milhões de euros em Maio de 2019.

Em Abril, mês em que o estado de emergência ditou regras de circulação e de actividade ao mínimo necessário em Portugal, a queda tinha sido ainda mais abrupta, de 98,5%. Mais uma vez, olhando para os valores, fica-se com uma ideia mais clara: se em Abril de 2019 as receitas realizadas em alojamentos turísticos em Portugal (que inclui o pagamento da dormida, assim como de todos os outros serviços e bens adquiridos durante a estada), fora de 333,53 milhões de euros, 12 meses depois, em Abril de 2020, o valor ficou reduzido a 5,08 milhões de euros. 

De forma simples, se entre Abril e Maio de 2019 os proveitos totais somaram 731,4 milhões de euros, este ano, os dois meses saldaram-se em proveitos totais de 16,1 milhões de euros. A pandemia fez desaparecer, só nestes dois meses, mais de 700 milhões, numa comparação directa.

Do total, os proveitos de aposento que representam a parte mais significativa das receitas globais dos alojamentos turísticos , atingiram 9,6 milhões de euros, diminuindo 96,8% dos 295,1 milhões de euros registados 12 meses antes. Em Abril de 2020, face ao mesmo mês de 2019, a queda fora de 98,2%, passando de 247,56 milhões para 4,5 milhões de euros em 12 meses.

A evolução é paralela ao desempenho de outro indicador, do rendimento médio por quarto disponível, designado por RevPar (do inglês revenue per available room): no total, passou de 51,9 euros em Maio de 2019 para 6,1 euros em Maio passado, uma queda de 88,2%. Por tipo de estabelecimentos, vê-se, contudo, que houve impactos diferentes: o RevPar na hotelaria quebrou 89,8% (para 5,9 euros); 80,4% no alojamento local (para 6,2 euros); mas “apenas” 69,1% no turismo em espaço rural e de habitação, que registou, aliás, o melhor rendimento por quarto disponível, para 7,3 euros.

Aqui, além da oferta ser menor, o que pode ter um efeito de amortecimento da queda, a evolução estará também ligada ao contexto pandémico desta diminuição da procura: para fugir a riscos de contágio, muitos turistas terão preferido locais isolados, no campo, com possibilidade de contacto com menos pessoas do que um hotel, por exemplo.

Em termos de dormidas, e do total já referido (307 mil) explica o INE que nos estabelecimentos de alojamento local (cujo peso atingiu 36,4% do total) decresceram 87,7% e no turismo no espaço rural e de habitação (quota de 7,1%) recuaram 86,2% em Maio de 2020, face a igual mês de 2019. As dormidas em hostels registaram uma diminuição de 89,9% em Maio, representando 19,4% das dormidas em alojamento local e 7,1% do total de dormidas nos estabelecimentos de alojamento turístico. As dormidas na hotelaria (com maior peso, de 56,6% do total) diminuíram 96,8%.

Quase só residentes

No primeiro mês em que Portugal começou a aliviar as restrições, sublinha ainda o instituto estatístico nacional, o mercado interno “contribuiu com 228,1 mil dormidas”, conferindo-lhe um peso de 74,3% sobre o total, “o que representou um decréscimo de 85,9%” (tinha sido de menos 93,5% em Abril). Ou seja, salienta o INE, cerca de três quartos (3/4) do total das dormidas devem-se a residentes no país.

As dormidas dos mercados externos diminuíram 98,4% (tinha sido uma queda de 98,9% no mês anterior) e atingiram 78,9 mil.

Para o conjunto dos primeiros cinco meses do ano, verificou-se uma diminuição de 59,6% das dormidas totais, resultante de variações de menos 50,6% nos residentes e de menos 63,2% nos não-residentes.

Por nacionalidades, nota o INE que os “principais mercados mantiveram reduções superiores a 90%” em Maio, face ao mês homólogo de 2019, incluindo na análise “a totalidade dos 16 principais mercados emissores” de turistas para Portugal.

“Desde o início do ano”, resume ainda, “todos os principais mercados registaram decréscimos, com maior enfoque nos mercados irlandês (menos 79,0%), belga (menos 71,3%), suíço (menos 71,1%) e francês (menos 70,5%)”. Os mercados canadiano (menos 47,2%) e brasileiro (menos 51%) foram, entre os principais, os que registaram menores decréscimos.

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