Universidades e cientistas de 89 países apelam à Europa para manter apoio à investigação

O Programa Horizonte Europa tinha 100 mil milhões de euros na primeira proposta, apresentada em 2018, e passou para cerca de 80 mil milhões, na última proposta de Fevereiro deste ano.

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Miguel Manso

Universidades e cientistas de 89 países apelaram à União Europeia (UE) para proteger, no próximo orçamento plurianual, o financiamento do Conselho Europeu de Investigação (ERC, na sigla em inglês), que é “o instrumento mais importante no desenvolvimento de inovações”.

Numa petição, os subscritores exortam os dirigentes da UE e os chefes de Estado e de Governo europeus a garantirem financiamento para o ERC no novo orçamento comunitário a longo prazo, disse esta quarta-feira à agência Lusa a vice-reitora da Universidade de Coimbra para a investigação, Cláudia Cavadas.

A Universidade de Coimbra é uma das apoiantes da petição e carta aberta, tanto como instituição isolada como na qualidade de membro do Grupo Coimbra (ou Coimbra Group), que reúne 40 universidades europeias e que também subscreveu o documento.

Entre os mais de 12 mil assinantes da petição, oriundos de 89 países, incluindo todos os Estados-membros da UE, contam-se dezenas de universidades, diversos cientistas, muitos dos quais distinguidos, designadamente, com o Prémio Nobel (mais de uma dezena), associações e organizações das mais diferentes áreas da ciência e do conhecimento.

O ERC “tem sido um sucesso na Europa”, é “um dos principais pacotes financeiros”, mas está sob forte ameaça de sofrer cortes, no âmbito do próximo orçamento plurianual da União Europeia, sublinha Cláudia Cavadas. Daí a preocupação da generalidade dos subscritores da petição, alertando para as consequências para a investigação e a inovação, salienta.

Criado em 2007, pela UE, para “financiar cientistas de excelência e as suas ideias criativas e disruptivas”, o ERC fornece financiamento atractivo e de longo prazo para os cientistas e respectivas equipas desenvolverem os seus “projectos inovadores, de alto ganho/alto risco”, de qualquer área de investigação.

O financiamento ERC tem ainda como objectivo atrair os melhores investigadores de qualquer parte do mundo para trabalhar na Europa (numa instituição anfitriã), destaca ainda a vice-reitora.

Ao longo da sua “história de sucesso”, o ERC já apoiou mais de nove mil investigadores, sete dos quais prémios Nobel, quatro Medalhas Fields e cinco prémios Wolf, entre outros. Portugal já teve mais de cem projectos financiados.

“Sendo a investigação científica e a produção de conhecimento um pilar fundamental” de qualquer universidade, naturalmente que a ameaça de corte nas verbas de um instrumento tão importante como o ERC preocupa a Universidade de Coimbra. “A investigação de excelência, sem estar condicionada, que cruze áreas do saber, tem impacto na resolução de problemas no futuro”, contribui para “uma sociedade melhor”, acrescenta Cláudia Cavadas, considerando que “o financiamento no formato ERC tem sido uma prova disso”.

Entretanto, na terça-feira, 14 associações de universidades europeias (entre as quais o Grupo Coimbra), que no total representam perto de 800 Universidades, também chamaram à atenção dos líderes europeus para a ameaça de cortes no orçamento plurianual do Programa Horizonte Europa (programa para a investigação, inovação e educação e no qual se integra o ERC), que pode baixar de 100 mil milhões de euros (na primeira proposta, apresentada em 2018) para cerca de 80 mil milhões de euros, na última proposta, de Fevereiro de 2020.

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