Proposta da Comissão Europeia “não é um cheque em branco nem uma nova troika”

Transição energética e digitalização são objectivos comuns a António Costa e a Guiseppe Conte para Portugal e Itália. Os dois primeiros-ministros mostram-se preocupados com previsões pessimistas de Bruxelas e defendem urgência de acordo sobre apoios europeus.

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Os dois políticos cumprimentaram-se com uma cotovelada LUSA/TIAGO PETINGA

Primeiro veio Pedro Sánchez, depois Giuseppe Conte. António Costa marcou reuniões com os chefes de Governo de Espanha e de Itália para preparar o Conselho Europeu da próxima semana e a conclusão foi a mesma: a proposta da Comissão Europeia de apoio aos Estados-membros no âmbito da covid-19 é equilibrada e o acordo deve ser aprovado o mais depressa possível porque esta crise pode prejudicar o mercado único. “Não é um cheque em branco nem uma nova troika”, repetiu António Costa na conferência de imprensa após a reunião com o homólogo italiano.

António Costa começou por elogiar “a forma determinada” como a Itália soube lidar com a crise que, para lá da dimensão sanitária, tem um fortíssimo impacto nas empresas e nas famílias, como foi demonstrado pelas previsões pessimistas reveladas por Bruxelas nesta terça-feira. “Isso torna mais urgente do que nunca aprovarmos programa de recuperação económica e social”, disse o primeiro-ministro português.

Para António Costa, mas também para Giuseppe Conte, o facto de a Comissão Europeia ter agravado as suas previsões económicas para todos os Estados-membros - em Portugal estima-se agora uma contracção de 9,8% do PIB - “revela a urgência de que haja um acordo”.

“Houve uma revisão em baixa geral das previsões económicas para o conjunto da Europa e Portugal teve uma redução muito significativa. Ficámos agora uma décima abaixo da média da União Europeia”, observou.

Depois de considerar que a proposta europeia é “inteligente, justa e equilibrada” e responde à necessidade de uma “resposta comum e robusta”, Costa defendeu que o acordo deve ser fechado já na reunião da próxima semana. “A proposta assegura que temos um programa que implica um forte compromisso nacional, mas que não é um cheque em branco nem uma nova troika. Responsabiliza cada um de nós a escolher as apostas certas”, afirmou.

Costa e Conte concordaram que uma das prioridades desta fase é “acelerar a transição digital e climática”, de modo a tornar a “Europa mais resiliente e resistente às crises”, protegendo empresas, travando o desemprego e protegendo o rendimento das famílias. Giuseppe Conte referiu também que é importante que os países “articulem entre si posições para irem alisando o caminho para que na próxima semana possa haver acordo”.

O primeiro-ministro italiano disse-se “especialmente contente por estar” em Lisboa como convidado do seu “amigo António”. O chefe do Governo italiano disse que “foi um encontro muito franco, como noutras ocasiões” e lembrou que os dois partilham “as situações nacionais sem perderem de vista aquela que é a casa comum”.

“Temos necessidade de uma retoma económica para a Europa. Não podemos distrair-nos, é preciso termos a máxima concentração, percorremos agora a última etapa”, sublinhou, referindo que Portugal e Itália prosseguem um futuro comum com objectivos comuns, nomeadamente ao nível da transição energética e da digitalização.

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