Universidade do Minho: praxes presenciais em tempos de covid-19 são “insensatas”

Reitoria da universidade condenou decisão do grupo que gere a praxe na academia minhota e acusou a praxe presencial de colocar em causa o esforço feito durante a pandemia de covid-19.

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Grupo que gere a praxe salientou que decisão de voltar às praxes presenciais depende dos cursos Nelson Garrido

A Universidade do Minho (UM) condenou esta terça-feira a decisão da comunidade praxista daquela academia em retomar as praxes presenciais durante o mês de Julho. Ao PÚBLICO, a reitoria da universidade diz que, nesta altura, as praxes presenciais são “insensatas” e colocam em causa o “compromisso responsável da generalidade dos seus estudantes”.

Na segunda-feira, o Cabido de Cardeais, o grupo que gere a praxe na academia minhota, autorizou o regresso das praxes presenciais, deixando a decisão de voltar aos cursos da universidade de Braga e Guimarães. Dos 56 cursos, 29 optaram por fazer um regresso presencial à actividade praxista.

Numa resposta escrita enviada ao PÚBLICO, a UM reagiu “com profundo desagrado” à decisão de retomar “este tipo de iniciativas que, como é reconhecido, frequentemente se traduzem em práticas ofensivas da integridade e dignidade humanas”.

A reitoria da UM lembrou que as praxes estão proibidas dentro dos campi universitários e acusa as praxes presenciais de serem desnecessárias em tempos de pandemia e de serem “incompatíveis” com o ensino superior.

“A universidade não aceita que o compromisso responsável e cooperante da generalidade dos nossos estudantes possa ser colocado em causa por atitudes insensatas de um pequeno número de estudantes, completamente inadequadas aos tempos muito difíceis que vimos atravessando, como comunidade académica e como país”, afirma.

O Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior também condena a iniciativa. Ao PÚBLICO, afirma ser “incompreensível” que “decisões deste teor” sejam tomadas “relativamente a actividades que nem são essenciais nem são desejáveis nos espaços académicos”.

Também a associação de estudantes demarcou-se da decisão e o presidente da Associação Académica da Universidade do Minho (AAUM), Rui Oliveira, disse ao PÚBLICO que a praxe “não se encaixa nas actividades que são essenciais”.

Em comunicado, o Cabido de Cardeais afirma que o regresso serve para “fazer um fecho ao ano ‘praxístico'” e apontou algumas medidas, nomeadamente quanto ao número máximo de participantes por praxe e à duração das mesmas, para salvaguardar o distanciamento social.

O responsável máximo da praxe na UM, Pedro Domingues, disse ao PÚBLICO que as autoridades locais foram consultadas. No entanto, a Junta de Freguesia de Gualtar (onde se situa o maior campus da UM em Braga) desmentiu as declarações de Pedro Domingues e pediu às autoridades para “inviabilizar a concretização destes ajuntamentos de estudantes”.

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