Bancada do PSD de Lisboa acusa Fernando Medina de “desnorte no alojamento”

A bancada do partido social-democrata insiste que Medina não cumpriu promessas eleitorais, afirmando que prometeu “6000 casas num mandato e não consegue arranjar nenhuma”.

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Nuno Ferreira Santos

Fernando Medina parece “sempre um peixe fora de água”, critica a bancada do PSD da Assembleia Municipal de Lisboa, em comunicado. O partido refere-se a dois casos recentes: as críticas feitas às chefias responsáveis pela gestão da pandemia e o artigo sobre alojamento local. Em ambos, demonstra “desnorte”, aponta.

Sobre o caso mais recente, Luís Newton, presidente da bancada do PSD na AML, escreve que Medina incentivou o alojamento local quando lhe era “politicamente expediente”, mas na presente crise posiciona-se para “espoliar pequenos empresários quando eles estão no seu momento mais frágil”.

Luís Newton considerou que Medina foi incoerente, e que apenas na presente situação, que apelida de “catástrofe económica”, é que decidiu reverter o seu “discurso desregulador” que “espremia os lucros do Airbnb aos pequenos empresários para aumentar a receita da Câmara”. Medina assinou um artigo de opinião no dia quatro no jornal britânico The Independent, no qual advogava a passagem dos edifícios de alojamento local em Lisboa para o uso de trabalhadores essenciais, como profissionais de saúde.

Para Newton, neste artigo Medina veio “reconhecer o falhanço das políticas de habitação pelas quais é responsável e que tanto jeito deram na sua projecção política quando equilibrava as contas da Câmara, às custa do IMT”. Acusando de desnorte, acusa Medina de parecer “sempre um peixe fora de água, que promete 6000 casas num mandato e que não consegue arranjar nem uma” e de ter incentivado “o alojamento local de forma descontrolada e desequilibrada no território”, virando-lhe agora as costas. Fernando Medina “não pode diabolizar aqueles que investem na reabilitação da cidade e precisam do alojamento para garantir o rendimento das suas famílias só porque não planeia e não consegue cumprir promessas eleitorais”, acusa o PSD.

Newton reiterou os pedidos de demissão feitos há uma semana, sugerindo que o autarca “se ouvisse a si próprio, que fosse consequente e que saísse”. E pede que “se lembre quando dizia que a cidade precisava era de se preparar para mais turistas e tornava a cidade inabitável. De quando espremia os lucros do Airbnb aos pequenos empresários para aumentar a receita da Câmara”.

E concluiu: “Era bom que se concentrasse em servir quem governa em vez de andar a ultrapassar o ministro Pedro Nuno Santos pela esquerda.”

Em relação à pandemia, também referida no comunicado, no dia 29 do mês passado, Fernando Medina lamentou a resposta em Lisboa à pandemia e apontou o dedo “às chefias no terreno”, que, clarificando no dia 1, “ou têm capacidade de demonstrar uma acção mais eficaz, ou é necessário uma rápida adaptação”, incluindo a “dimensão dos recursos que estão ao dispor”. O PSD sublinha que o próprio Medina se inclui entre essas chefias pelo que deveria “ser consequente com as suas palavras e ser o primeiro a demitir-se”. Em resposta, a concelhia do PS de Lisboa acusara o PSD de montar um “circo político”, lembrando que o presidente da bancada e da junta de freguesia da Estrela, Luís Newton, foi “o único presidente de junta de freguesia de toda a cidade que autorizou e licenciou arraiais durante as festas de Lisboa”. Estes arraiais foram travados pela câmara municipal.

Texto editado por Ana Fernandes

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