Marcelo na Madeira: é bem-vindo diz Albuquerque, mas devia ter vindo mais cedo

Depois de Ovar e Nordeste nos Açores, o Presidente da República vai à Madeira visitar a freguesia de Câmara de Lobos, que também esteve sujeita a uma cerca sanitária.

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LUSA/HOMEM DE GOUVEIA

Quando no início de Junho, Marcelo Rebelo de Sousa visitou os Açores para expressar solidariedade às vítimas da covid-19, prometendo regressar em Agosto, para uns dias de férias, o Funchal estranhou o timing da agenda de Belém.

Primeiro, concordaram quase todos os partidos no parlamento regional – o PS foi excepção –, devia ter ido à Madeira, local para onde estavam marcadas as comemorações do 10 de Junho, mas cuja possibilidade de ocorrerem na ilha tem sido sucessivamente adiada. No ano passado, a justificação da Presidência da República foi a de não interferir com o calendário eleitoral madeirense. Este ano, foi a situação pandémica no país a cancelar o programa no arquipélago.

Pelo caminho, o relacionamento, antes próximo, entre o governo PSD/CDS da Madeira e o Palácio de Belém, foi-se deteriorando. Marcelo foi apanhado no meio do diálogo político entre Funchal e Lisboa, com a Madeira a acusar o Presidente da República de colocar-se ao lado do primeiro-ministro e não atender às reivindicações da Madeira.

Foi esta tensão política que levou Miguel Albuquerque a ensaiar – ainda não decidiu formalmente se avança, mas também não rejeitou – uma candidatura a Belém. Esta sexta-feira, aos jornalistas, o chefe do executivo madeirense mostrou-se agradado com a visita de Marcelo, mas não esqueceu o passado recente.”Acho que é importante o senhor Presidente da República vir aqui. Acho que já devia ter vindo mais cedo, mas ainda bem que vem”, disse Albuquerque, que quer aproveitar a visita, para insistir na necessidade de Marcelo exercer a magistratura de influência para desbloquear assuntos pendentes entre os dois governos.

“Sempre dissemos que o Presidente da República tem influência institucional decisiva, sobretudo num altura de crise em que a Madeira precisa de soluções”, sublinhou, ressalvando que embora parte dessas soluções estejam enquadradas no Orçamento Suplementar, é preciso que Marcelo garanta que elas sejam efectivamente concretizadas.

Perante a crescente tensão política, entre Funchal e Lisboa, Marcelo manteve-se em silêncio. Depois de visitar Ovar, no final de Maio, e a freguesia de Nordeste, na ilha de São Miguel, em Junho, vai este domingo a Câmara de Lobo, local que esteve também sujeito a uma cerca sanitária por causa da covid-19.

O Presidente da República aterra este sábado na Madeira mas a visita oficial começa na manhã de domingo, com idas às duas principais unidades de saúde do Funchal, antes de um almoço na Câmara Municipal de Câmara de Lobos.

Antes de regressar a Lisboa, Marcelo encontra-se com responsáveis das instituições particulares de solidariedade social da região, seguindo depois para o aeroporto onde visita a Unidade de Rastreio e Vigilância à covid-19 que realiza testes a todos os que chegam ao arquipélago.

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