Modi visitou soldados na fronteira dos Himalaias. “A era do expansionismo terminou”

Visita surge duas semanas depois do conflito mais violento dos últimos 45 anos entre tropas indianas e chinesas na fronteira dos Himalaias.

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O primeiro-ministro indiano com soldados nos Himalaias Reuters/PRESS INFORMATION BUREAU

O primeiro-ministro da Índia deslocou-se esta sexta-feira a Ladakh, na fronteira dos Himalaias, para homenagear os 20 soldados indianos que morreram em confrontos com tropas chinesas no passado mês de Junho.

“A era do expansionismo terminou”, declarou Narendra Modi no discurso que dirigiu aos soldados, que foi uma tentativa de apaziguar a tensão com a vizinha China, mas ao mesmo tempo com uma mensagem pouco subtil de aviso para Pequim sobre quaisquer ambições territoriais naquela fronteira disputada e mal definida. 

O primeiro-ministro indiano não nomeou directamente a China uma única vez durante a visita a Ladakh, mas marcou a posição de Nova Deli em relação a Pequim.

Modi reiterou que, apesar de a Índia querer a paz, o exército indiano está preparado para defender o país. “Hoje, a Índia está a fortalecer-se a nível naval, aéreo, espacial e militar. A modernização das armas e o aumento das infra-estruturas melhoram a nossa capacidade de defesa”, afirmou o líder do governo nacionalista hindu. 

Logo de seguida, a China avisou a Índia quanto a “erros de cálculo estratégicos” e apelou a Nova Deli que “trabalhe com a China para salvaguardar as relações bilaterais”. 

“Nestas circunstâncias, nenhum lado deve levar a cabo acções que possam complicar a situação na fronteira”, afirmou Zhao Lijian, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, numa conferência de imprensa em Pequim, respondendo a uma questão sobre a visita de Modi à fronteira dos Himalaias. Mas confirmou que os dois países estão envolvidos em negociações para diminuir a tensão.

No passado dia 15 de Junho, tropas chinesas e indianas, duas potências com armas nucleares envolveram-se em confrontos no vale Galwan, a mais de 4000 metros de altitude, com temperaturas negativas sem que tivesse sido disparado qualquer tiro – houve lutas corpo-a-corpo e com recurso a bastões e pedras. Vinte soldados indianos morreram, enquanto do lado chinês não foi anunciada, oficialmente, nenhuma vítima mortal.

A China e a Índia acusaram-se mutuamente de “provocações” e de “violação de compromissos históricos”, naquele que foi o incidente mais violentos na fronteira disputada pelas duas potências asiáticas desde 1975. Ambos os países fazem reivindicações distintas quanto à vasta área da fronteira montanhosa. 

A escalada de tensão fez temer o pior e nenhum dos lados quis sair enfraquecido perante o outro. Foi nesse contexto que surgiu a visita de Modi aos soldados em Ladakh, onde o primeiro-ministro indiano não poupou nos elogios às suas tropas.

“A vossa coragem é maior do que a altura a que se encontram”, afirmou Modi, citado pela Al-Jazeera. “A bravura que vocês demonstraram é uma mensagem para o mundo sobre a força da Índia.”

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