Covid-19: mais três mortes e 313 casos. Mais de 500 internados pela primeira vez desde Maio

Desde 30 de Maio que não havia tantos internados, e o número de doentes em cuidados intensivos é o mais alto desde 23 de Maio. A maior parte dos casos continua a registar-se na região de Lisboa.


A evolução dos internamentos:internamentos sem cuidados intensivos (a amarelo) com o valor mais alto desde 30 de Maio; cuidados intensivos (a vermelho): o registo mais alto desde 23 de Maio

Portugal regista esta quarta-feira mais três mortes por covid-19, um aumento de 0,2%, somando-se um total de 1579 vítimas mortais no país desde o início do surto.

Há 503 pessoas internadas (mais 12 do que no dia anterior), das quais 79 estão nos cuidados intensivos (mais seis). O número de doentes hospitalizados tem vindo a subir nos últimos dias e é o mais alto desde 30 de Maio, dia em que havia 513 internados. Também é preciso recuar mais de um mês para encontrar um número tão alto de doentes nos cuidados intensivos — a 23 de Maio, quando havia 80 doentes nestas unidades. Os registos estão ainda longe dos de 7 e 16 de Abril, os dias em que se verificaram, respectivamente, o número máximo doentes em cuidados intensivos (271) e de internados (1302).

Esta manhã, no Parlamento, a ministra da Saúde explicou que das 491 camas ocupadas com doentes com covid na terça-feira, 362 estavam ocupadas em Lisboa e Vale do Tejo, ou seja, 74% . E das 73 camas em unidades de cuidados intensivos, 68 estavam ocupadas em Lisboa e Vale do Tejo.

Marta Temido salientou que a região de Lisboa e Vale do Tejo tem 6101 camas em termos gerais no que diz respeito a resposta em enfermarias, o que significa que está longe da ruptura. A região tem ainda “um total de 271 camas de unidades cuidados intensivos polivalentes de adultos” e “dessas, 95 estão afectas apenas à covid[-19]”, completou.

Há mais 313 pessoas infectadas, uma taxa de crescimento de 0,74% que eleva para 42.454 o número de total de casos identificados em Portugal.

Os dados do relatório de situação diário divulgado pela Direcção-Geral da Saúde (DGS) dão ainda conta de 212 novos casos na região de Lisboa e Vale do Tejo, 69,7% das infecções detectadas nas últimas 24 horas.

Há mais 293 recuperados, o que faz aumentar o número total de curados para 27.798 desde Março. Excluindo estes casos e os óbitos, há 13.077 casos activos em Portugal, mais 17 desde a actualização de terça-feira.

A taxa de letalidade global da covid-19 em Portugal é de 3,7% e a taxa de letalidade em doentes acima dos 70 anos é de 16,3%, revelou esta quarta-feira na habitual conferência de imprensa para actualizar os dados da doença Jamila Madeira, secretária de Estado Adjunta e da Saúde. Nas últimas 24 horas, todas as mortes foram de doentes com 80 ou mais anos.

Sobre os surtos de covid-19 em lares, a directora-geral da Saúde, Graça Freitas, referiu que as autoridades de saúde têm estado a acompanhar estas situações nos estabelecimentos na região de Lisboa e Vale do Tejo e que também estão atentas ao “surto grande” num lar de Reguengos de Monsaraz.

Em todos os casos, Graça Freitas afirma que a situação está controlada e que, neste momento, o balanço do número de vítimas em lares é de 293 óbitos na região Norte, 143 na região Centro, 147 em Lisboa e Vale do Tejo, seis no Alentejo (número que ainda não reflecte um óbito que aconteceu depois da meia noite) e cinco no Algarve.

Excesso de mortalidade

Esta manhã, questionada durante a Comissão Parlamentar de Saúde sobre o excesso de mortalidade ocorrida durante a pandemia, Marta Temido disse que entre Março e Junho houve um acréscimo de 9% de mortes em comparação com o mesmo período do ano passado.

“O excesso de mortalidade geral por todas as idades, em relação à media, é de mais 9% – 2973 óbitos – de Março a Junho e de 1704 óbitos – mais 3% – de Janeiro a Junho, dia 21, para o qual tenho informação”, contabilizou a ministra da Saúde, referindo que vão “procurar disponibilizar esta informação no portal da Direcção-Geral da Saúde”. Os valores de Janeiro a Junho comparam com a média dos anos de 2015-2019.

Um país a três velocidades

Com a chegada do mês de Julho, Portugal tornou-se um país a três velocidades: a maior parte do território continental português baixa o nível de gravidade para o estado de alerta, mas a região de Lisboa fica em estado de contingência e há 19 freguesias problemáticas dos concelhos de Sintra, Amadora, Odivelas, Loures e Lisboa permanecem em estado de calamidade – com medidas agravadas e vigilância apertada.

Lisboa e Vale do Tejo continua a ser a região a que acumula o maior número de casos desde o início do surto: com mais 212 infecções detectadas e duas mortes nas últimas 24 horas, soma agora 19.383 casos e 475 óbitos. A região Norte é a que contabiliza o maior número de mortes, com 819 (mais uma) em 17.585 (mais 64).

No Algarve foram identificados mais 14 casos, elevando o total para 632, mantendo-se o número de mortes nas 15. No Centro há 11 novos casos de infecção para um total de 4121 infectados e 248 mortes. Foram ainda detectados mais sete casos no Alentejo (491 casos e sete mortes) e um na Madeira (93 casos e nenhuma vítima mortal). Os Açores não registaram nenhuma nova infecção, mantendo-se com 150 casos detectados e 15 mortes.

Na distribuição dos casos por concelhos, Lisboa foi o município em que foi identificado o maior número de novas infecções, com 42 nas últimas 24 horas. É também o concelho com o maior número total de casos detectados, com 3544.

Sintra (36 novos casos, total de 2704) Loures (29 novos casos, total de 1856), Odivelas (24 novos casos, total de 1125) e Amadora (21 novos casos, total de 1718) foram os restantes concelhos com maior número de novas infecções. Vila Nova de Gaia, com 11 novos casos (1661 no total) é o único dos dez concelhos com mais casos identificados desde quinta-feira que não faz parte da Área Metropolitana de Lisboa.

Doentes incontactáveis estão a ser localizados, garante Jamila Madeira

Sobre a notícia de que existem 100 doentes incontactáveis por dia na Área Metropolitana de Lisboa, avançada pelo PÚBLICO, Jamila Madeira referiu que existe um empenho “muito claro” em estabelecer, desde a primeira hora, todos os esforços para que os doentes com covid-19, bem como os seus possíveis contactos, estejam em comunicação permanente com as autoridades de saúde.

“Nesse contexto, há dificuldades que surgem com moradas falsas, com alterações de morada, com dificuldade de contacto que não negligenciámos, mas ainda assim têm estado a ser supridas muitas destas questões com operacionalização de outros caminhos para localizar essas pessoas que tem vindo a ser localizadas, mas não com a celeridade desejada”, referiu a secretária de Estado Adjunta e da Saúde, acrescentando ainda que estas questões de moradas falsas não estão relacionadas com os serviços de saúde, mas com os registos.

Jamila Madeira e Graça Freitas foram questionadas sobre os locais onde acontecem os novos contágios, se é em contexto laboral ou no contexto das habitações. Em resposta, Graça Freitas referiu que "o contágio dentro das famílias, dentro das habitações, continua a ser o mais importante”. “Isto quer dizer que as pessoas se podem infectar ou em ambiente laboral, o segundo sítio de contágio mais frequente, ou em ambiente social, mas depois transportam o vírus para o interior da sua casa”, esclareceu.

Hospital Amadora-Sintra tem ocupação de 87%

Jamila Madeira, que na semana passada havia garantido que o Hospital Amadora-Sintra ainda não tinha atingido a sua total ocupação, voltou a referir esta quarta-feira que aquela unidade hospitalar tem agora uma ocupação de 87%, algo que significada que não está na sua capacidade máxima.

As declarações da secretária de Estado Adjunta e da Saúde​ surgem no seguimento das do bastonário da Ordem dos Médicos, que afirmou na terça-feira que o hospital Amadora-Sintra “já ultrapassou o limite da sua capacidade” e que teve de transferir doentes com covid-19 para outras unidades de saúde.

O reforço de meios no terreno tem sido “uma realidade”, principalmente na região de Lisboa e Vale do Tejo, disse Jamila Madeira. “Na resposta à doença, o SNS e a sua rede hospitalar têm vindo a corresponder, associando-se sempre que necessário à articulação entre os hospitais da região e permitindo a utilização plena de todas as capacidades, ou seja, funcionando em rede. A maior pressão sobre algumas unidades da Grande Lisboa tem sido acomodada pela resposta em rede do SNS”, referiu.

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