Leiria vai duplicar rede de ciclovias e dar mais espaço aos peões

Pacote de medidas para reorganizar a cidade do pós-pandemia inclui restrições no trânsito e alargamento de hortas urbanas.

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Rui Gaudencio

Leiria juntou-se ao grupo das cidades que querem aumentar o espaço público para peões e utilizadores de bicicletas após o fim do confinamento. O programa chama-se Renovar Leiria e prevê um conjunto de 19 medidas, com impacto na mobilidade e nos espaços públicos, mas também no ambiente e energia. Nesse pacote, que foi apresentado nesta terça-feira, estão previstas medidas como a instalação de novas ciclovias, a criação de um sistema de bicicletas eléctricas partilhadas e alargar o projecto de hortas comunitárias.

A autarquia, explica ao PÚBLICO o presidente da Câmara Municipal de Leiria (CML), Gonçalo Lopes, tem estado a “analisar experiências de urbanismo táctico”, tanto na Europa como em Portugal (onde os exemplos mais significativos são Lisboa e Porto), e decidiu avançar com um programa a aplicar no espaço de um ano, consoante a complexidade das medidas.

A criação da ciclovia que ligará o Hospital Santo André ao Estádio Municipal, com passagem pelo centro da cidade, será um dos principais pontos deste programa, refere o autarca, numa intervenção que “visa a eficácia e a rapidez” de instalação. Ou seja, não haverá recurso a obra pesada mas a utilização de tinta e sinalização. Onde for possível, o percurso será em via dedicada mas parte dele será em via partilhada. A ideia é que este troço esteja pronto até ao final do ano. Juntamente com a outra ciclovia que estava já planeada para a margem do rio Lis, Leiria irá assim duplicar a extensão desta rede: hoje tem 22 quilómetros e passará a ter 43.

Ligada a esta medida está a criação de um sistema de bicicletas partilhadas, trabalho mais complexo, estando ainda por definir o seu modelo, explica Gonçalo Lopes. Mas o princípio é que estas sejam eléctricas, recarregáveis nos pontos de recolha e com acesso através de uma aplicação. No entanto, esse sistema não será ponto único nesta área: a autarquia vai criar um sistema de incentivo para a compra de bicicletas eléctricas e aumentar o número de carregadores em parques públicos.

A estimativa do presidente é que o custo das 19 medidas do Renovar Leiria não ultrapasse o milhão de euros. Também o centro da cidade conhecerá modificações, como o alargamento dos passeios para usufruto público, tal como tem sido anunciado em vários pontos do pais. A circulação automóvel no Rossio de Leiria será condicionada aos domingos, “de modo a prevenir a concentração de pessoas no centro da cidade”.

Na avenida Heróis de Angola, uma das principais vias do centro, será criada a “Avenida Cultura Urbana”, com alargamento de passeios, instalação de mobiliário, de floreiras e arte urbana, que substituirão alguns pontos de estacionamento. Questionado se receia que as medidas que ajudam a retirar protagonismo ao automóvel no centro da cidade possam ser mal recebidas, Gonçalo Lopes responde que “não é só uma questão de ideologia ou de tendência de urbanismo, é uma necessidade de saúde pública”. E acrescenta: “Penso que qualquer pessoa estará mais sensível à nova realidade”.

Também o projecto de hortas urbanas municipais será alavancado. “Foi uma das necessidades que verificámos” durante o período de maior confinamento, explica o presidente. Assim, a iniciativa Hortas Verdes será alargada. Na Quinta da Gordalina serão acrescentados 18 talhões à área existente, sendo que na Urbanização de Santa Clara e no Bairro Dr. Francisco Sá Carneiro serão desenvolvidos mais dois projectos de hortas comunitárias.

A partir de Setembro, é intenção da CML plantar 12 mil árvores, a distribuir entre a zona urbana e a lagoa da Ervedeira, área que ardeu em Outubro de 2017.

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