Reabrir bares e discotecas? Olhem para o exemplo de Lagos, diz DGS. Há crianças infectadas

Autoridades de saúde pedem cautela para a reabertura de bares e discotecas. “Isto é momento de pôr os pés na terra. E não pensar que está tudo adquirido porque não está”, sublinhou Marta Temido.

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Rui Gaudencio
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Questionada sobre a reabertura de bares de discotecas, a directora-geral da Saúde, Graça Freitas, pediu “calma” e “ponderação”. E argumentou com o exemplo da festa em Lagos, que gerou pelo menos 90 casos positivos, entre os que estiveram na festa e os que não estiveram, incluindo crianças com menos de nove anos. 

A ministra da Saúde lembrou: estão proibidos os ajuntamentos de mais de 20 pessoas. “Continuamos em estado de calamidade, não sabemos até quando o vamos manter”, disse. “Isto é momento de pôr os pés na terra. E não pensar que está tudo adquirido porque não está.”

No Algarve “não está em causa um cerco sanitário, não é um cerco que institui a racionalidade suficiente para se absterem de comportamentos que põem em causa a própria saúde, das pessoas que lhe são próximas e de todo o sistema de saúde. É algo mais grave e importante do que uma cerca sanitária”, disse Marta Temido. A situação “penaliza-nos enormemente porque poderia ter sido evitada”.

“Temos de ser parcimoniosos nos nossos ajuntamentos e nos nossos convívios, por enquanto a Direcção-Geral da Saúde está muito sensível a que a economia funcione, mas para que funcione temos de ter a situação epidemiológica esteja controlada”, disse a directora-geral da Saúde. “Não podemos fazer festas como fazíamos antes. Põe em risco não só a saúde dos próprios e de terceiros, mas também a economia de todo o país.”

Situação em Lisboa preocupa Governo

A situação em Lisboa continua a preocupar as autoridades de saúde. De acordo com os dados do boletim epidemiológico, dos 375 novos casos, 76% foram registados em Lisboa. A ministra da Saúde anunciou que na segunda-feira haverá uma reunião que contará com a presença do primeiro-ministro, o presidente da Área Metropolitana de Lisboa e autarcas desta zona do país.”Para efeitos de números, temos hoje 422 doentes internados no país, na ARS de Lisboa e Vale do Tejo são 381, temos 67 casos internados em Unidades de Cuidados Intensivos (são 59 na região de Lisboa e Vale do Tejo)”, disse Marta Temido. “Para termos percepção da pressão que existe em Lisboa e Vale do Tejo e nos deixa ainda numa situação de relativo conforto para aquilo de que precisamos de fazer.”

Para aliviar os hospitais da região de Lisboa e não “saturar” as suas equipas, “foi activada a possibilidade de reencaminhamento de utentes que não tenham necessidade de saúde complexos para o hospital militar de Belém, já tinha sido assinado um protocolo de forma a estarmos perfeitamente confortáveis e para não saturar as equipas”.

Morreu um dos doentes infectados no IPO de Lisboa

“Um dos doentes que foi transferido terá falecido numa outra unidade de saúde e, portanto, há um óbito lamentar”, adiantou Marta Temido, quando questionada sobre o estado dos doentes que foram detectados com covid-19 no Serviço de Hematologia do IPO de Lisboa.

O IPO informou na quarta-feira que oito profissionais e 12 doentes internados no Serviço de Hematologia tinham diagnosticados com covid-19 e que os pacientes foram transferidos para outros hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Hoje, Graça Freitas adiantou, citando dados do IPO, que os testes que foram feitos para este foco detectaram 13 profissionais e 17 doentes com covid-19, perfazendo um total de 30.

Contudo, frisou, apesar do número de casos, “a situação está controlada”.

RT no Norte, Centro e Lisboa

O RT é de 1,02 na região Norte, 1,14 no Centro e de 0,96 em Lisboa e Vale do Tejo. Este indicador mede o número médio de casos secundários gerados por um infectado.

“O facto de termos agora muito menos casos no Norte ou no Centro faz com que este risco [de contágio] seja acrescido, tendo em conta os poucos casos que cada caso vai gerando”, explicou.

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