Morte de soldados na fronteira dos Himalaias “não será em vão”, garante Modi

Ministros dos Negócios Estrangeiros de Índia e China falaram ao telefone esta quarta-feira e, apesar de discordarem quanto à responsabilidade dos confrontos nos Himalaias, comprometeram-se com o diálogo.

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Manifestantes queimam fotografias de Xi Jinping na cidade de Bhopal SANJEEV GUPTA/EPA

O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, afirmou que a morte de 20 soldados indianos às mãos de tropas chinesas na fronteira dos himalaias “não será em vão”, garantindo que, apesar de o país estar empenhado na paz, não se deixará intimidar pela China.

“A Índia quer a paz, mas, quando provocada, é capaz de dar uma resposta adequada, independentemente da situação”, disse Modi, citado pela BBC, num discurso transmitido pelas televisões indianas.

Na segunda-feira, pelo menos 20 soldados indianos morreram em confrontos com tropas chinesas na região de Ladakh, na Caxemira disputada, na fronteira dos Himalaias. Pequim ainda não confirmou qualquer vítima do seu lado, no entanto, os media indianos, que citam fontes do Governo de Nova Deli, dizem que mais de 40 soldados chineses terão morrido.

Estas foram as primeiras mortes na área disputada entre as duas potências nucleares asiáticas nos últimos 45 anos, elevando o clima de tensão para um nível sem precedentes. Nas ruas da Índia, apoiantes do Governo nacionalista hindu de Modi queimaram fotografias do Presidente chinês, Xi Jinping, e bandeiras da China. 

Pequim e Nova Deli reivindicam partes distintas da fronteira montanhosa de 3500 quilómetros, num conflito que, após uma sangrenta guerra em 1962, tem sido pacífico. No entanto, no final de Maio, após acusações mútuas e movimentação de tropas na fronteira, a crispação aumentou entre os dois países.

Para evitar uma escalada de violência, as tropas patrulham a fronteira desarmadas, apesar de o arremesso de pedras e os confrontos físicos serem frequentes.

Na segunda-feira, apesar do elevado número de mortos, não há registo de que qualquer tiro tenha sido disparado. Segundo o The Guardian, as mortes ocorreram após combates corpo a corpo que duraram várias horas, com recurso a barras de ferro, pedras e socos. Durante os confrontos, vários soldados caíram de um precipício.

Um alto oficial militar indiano disse à BBC, sob anonimato, que foram 55 soldados indianos contra 300 chineses. Alegadamente, ter-se-á tratado de uma emboscada.

Numa tentativa de pôr água na fervura, os ministros dos Negócios Estrangeiros dos dois países falaram esta quarta-feira ao telefone, concordando na necessidade de resolver o conflito através do diálogo, restabelecendo a tranquilidade na fronteira dos Himalaias. Contudo, discordaram quanto ao que aconteceu na última segunda-feira, trocando acusações quanto à responsabilidade dos confrontos.

Segundo o Guardian, o ministro indiano Subrahmanyam Jaishankar acusou a China de levar a cabo uma “acção premeditada” contra as tropas indianas, enquanto o seu homólogo chinês, Wang Yi, disse que a Índia é a única responsável pelo sucedido, uma vez que as tropas indianas alegadamente entraram ilegalmente no lado chinês da fronteira. 

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